Ainda não descobrimos exoplanetas troianos — e as marés são muito suspeitas

SETI

Até agora, não descobrimos nenhum exoplaneta com objetos coorbitais. Um novo estudo sugere que as marés podem estar a causar oscilações que removem os coorbitais antes de os conseguirmos detetar.

No nosso Sistema Solar, existem vários milhares de exemplos de objetos coorbitais: corpos que partilham a mesma órbita à volta do Sol ou de um planeta.

Os asteroides troianos são um exemplo disso.

Ainda não observámos quaisquer coorbitais semelhantes em sistemas exoplanetários, apesar dos 5000 exoplanetas já descobertos.

Num novo estudo, publicado na revista Icarus por Anthony Dobrovolskis do SETI e por Jack Lissauer do Centro de Pesquisa Ames da NASA, os autores teorizam que se formam alguns exoplanetas troianos, mas os que são grandes e que estão em órbitas de período curto (e portanto relativamente fáceis de detetar) são tipicamente forçados a sair da órbita partilhada pelas marés.

Estes corpos colidem com a estrela ou com o seu planeta gigante quando isso acontece.

Se ou quando os exoplanetas troianos forem descobertos, este trabalho pode ajudar a revelar algumas propriedades das suas estruturas internas,” disse Dobrovolskis, cientista investigador do Instituto SETI.

Aqui na Terra, a fricção causada pelas marés faz com que a rotação da Terra abrande, resultando no afastamento da nossa Lua.

Generalizando a teoria da fricção das marés a sistemas com mais de dois corpos, os autores aplicam a teoria a sistemas que incluem uma estrela, um planeta gigante e um planeta parecido com a Terra oscilando em torno do ponto L4 ou L5 de um planeta gigante (ou do ponto equilátero do planeta gigante).

Com base na sua análise, as marés levantadas pela estrela e pelo planeta gigante no planeta parecido com a Terra fizeram crescer as suas oscilações até se tornarem instáveis.

Fizeram simulações numéricas que mostram que as oscilações do troiano mudam de forma oval para a forma de uma banana e acabam por sair da órbita partilhada, colidindo ou com a estrela ou com o planeta gigante.

Os resultados são consistentes com os resultados anteriormente publicados em 2013 por Rodriguez et al., e em 2021 por Couturier et al.

Isto sugere que as marés estão a remover os exoplanetas coorbitais antes de os podermos observar. Mesmo que esse seja o caso, podemos ainda descobrir exoplanetas coorbitais.

É também possível que a missão Lucy da NASA aos asteroides troianos, lançada no passado mês de outubro, possa fornecer pistas adicionais sobre o papel das marés nos sistemas coorbitais.

// CCVAlg

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