ZAP
Os 194 milhões de metros cúbicos que se desperdiçam por ano serviriam para abastecer 865 mil habitantes em Portugal.
São números consideráveis e que muitos portugueses não teriam noção: cerca de 24% da água para consumo perde-se nas redes de abastecimento.
Há aproximadamente 820 milhões de metros cúbicos de água captados para consumo humano em Portugal – mas 194 milhões desses m3 esvaem-se. Perde-se 23,65% da água.
A contabilidade foi disponibilizada pela Entidade Reguladora do Serviço de Águas e Resíduos (ERSAR), no jornal Expresso.
Jaime Melo Baptista, que foi presidente da ERSAR, lembra que só num mundo “utópico” o desperdício de água seria zero, em qualquer parte do mundo.
Em contas realistas, se o “desvio” baixasse de 24% para 15% (ou seja, 123 milhões de m3/ano), essa diferença já iria abastecer 865 mil habitantes em Portugal.
Nesta equação, o presidente do Lisbon International Center for Water deixou de fora 35% de perdas na agricultura – sector que consome 70% dos 6 mil milhões de metros cúbicos de água (potável e não potável) captados em Portugal.
Há empresas que gastam água quatro vezes mais do que o limite estabelecido pela entidade reguladora.
Por isso (e não só), são necessárias “uma melhoria da governança das entidades gestoras, uma melhoria da gestão patrimonial das infraestruturas e uma adequada política tarifária”, acredita Melo Baptista.
“As perdas de água são um problema. Existem sistemas tarifários que não permitem recuperar os custos e investir nas redes”, admitiu Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e Acção Climática, que sublinhou o financiamento que tem sido dado às autarquias para estas serem eficientes no consumo.
No entanto, há autarquias que aproveitam esse dinheiro para outros fins – como salários ou carros. “A lei premeia os infractores”, critica Pedro Cunha Serra, ex-presidente do grupo Águas de Portugal.
Cada português consome em média 186 litros de água por dia.
