A polícia que matou a tiro um jovem afro-americano em Brooklyn Center, nos Estados Unidos, no domingo, e o chefe da polícia local demitiram-se. Mas os protestos continuam na cidade.
Mike Elliott, mayor de Brooklyn Center, cidade no estado norte-americano do Minnesota, anunciou, esta terça-feira, que Kim Potter, a agente que matou a tiro o jovem afro-americano Daunte Wright, assim como Tim Gannon, chefe da polícia local, apresentaram a sua demissão, avança o jornal The New York Times.
A renúncia aos cargos aconteceu um dia depois de, numa conferência de imprensa, o chefe da polícia ter sugerido que a polícia queria utilizar o seu taser, mas que o confundiu com a arma de serviço, tendo disparado “uma única bala”, que acabou por provocar a morte do jovem de 20 anos.
“Adorei cada minuto como agente da polícia e por servir esta comunidade com o melhor das minhas capacidades, mas acredito que é do melhor interesse da comunidade, do departamento e dos meus colegas se me demitir imediatamente“, lê-se na carta de demissão da agente, com 26 anos de serviço, que foi divulgada pelo sindicato Law Enforcement Labor Services.
Segundo o jornal Público, o mayor da cidade disse que o Conselho Municipal aprovou uma resolução que pedia a demissão de ambos, mas sublinhou que ainda não aceitou os pedidos, deixando em aberto a hipótese de despedir Potter e Gannon. Esta decisão teria, por exemplo, consequências nas suas pensões de reforma.
“Espero que isto traga um pouco de calma à comunidade. Queremos enviar a mensagem de que estamos a levar isto muito a sério”, afirmou Elliott. No entanto, as demissões parecem não ter surtido o efeito desejado nos ânimos que se vivem na cidade.
Pela terceira noite consecutiva, centenas de pessoas protestaram em frente à esquadra da polícia de Brooklyn Center. Continuaram os confrontos com a polícia, que usou gás pimenta e disparou bombas de fumo contra os manifestantes.
O responsável da Patrulha Estadual de Minnesota, Matt Langer, disse que o comando unificado do Brooklyn Center fez “mais de 60 detenções” esta terça-feira à noite, muitas das quais por “motins e outras condutas criminosas”.
O procurador do condado de Washington, Pete Orput, assegurou à cadeia televisiva CNN que espera apresentar, esta quarta-feira, uma decisão sobre a acusação contra a já ex-oficial da polícia.
O afro-americano, de 20 anos, terá sido morto a tiro momentos depois de ter telefonado para a mãe a dizer que estava a ser levado pela polícia, que foi chamada a intervir num incidente violento no bairro.
O seu veículo foi intercetado porque não tinha alguns papéis em ordem. As autoridades pediram a Wright para se identificar e depois perceberam que havia um mandado pendente por não comparecer em tribunal pelos crimes de posse ilegal de arma e por resistir à detenção.
O incidente decorreu num subúrbio de Minneapolis, onde decorre o julgamento do polícia acusado de matar o afro-americano George Floyd.