O alegado envolvimento de funcionários da agência da ONU para os refugiados palestinianos no ataque de 7 de outubro do Hamas está a ser investigado. Oito países anunciaram a suspensão temporária de toda a ajuda à agência.
A Alemanha é o mais recente país a anunciar a suspensão do seu financiamento à agência da ONU para os refugiados palestinianos, UNRWA, até esclarecimento do alegado envolvimento de alguns dos seus funcionários, sugerido por Israel, no ataque do Hamas a 7 de outubro.
“Enquanto não for esclarecido, a Alemanha e em acordo com outros países doadores, não irá fornecer temporariamente o seu aval para novos meios para a UNRWA em Gaza”, anunciaram em comunicado os ministérios dos Negócios Estrangeiros e do Desenvolvimento.
A nota dos dois ministérios precisa “de momento, e de qualquer forma, não existia qualquer compromisso em perspetiva”.
No sábado, Israel exigiu o encerramento esta agência da ONU, que ao longo dos anos tem sido decisiva na ajuda humanitária à Faixa de Gaza, na sequência da polémica em torno do possível envolvimento de alguns dos seus funcionários no ataque de 7 de outubro de 2023 promovido pelo Hamas.
Em comunicado citado pela AFP, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, afirmou este sábado que Israel quer “garantir que a UNRWA não fará parte” da solução para o território palestiniano após a guerra com o Hamas, esperando “parar todas as atividades da agência“.
A ONU decidiu avançar com uma investigação para confirmar a eventual participação dos funcionários da UNRWA no ataque a Israel pelo Hamas, e tendo entretanto suspendido 12 funcionários.
A decisão inicialmente tomada dos Estados Unidos, que na sexta-feira anunciaram a suspensão temporária de toda a ajuda à agência, foi seguida por Itália, Canadá, Austrália, Reino Unido, Países Baixos e Finlândia. A Suíça espera obter mais informações antes de tomar uma decisão sobre a sua ajuda à agência.
Numa nota publicada na rede social X, Portugal expressou forte preocupação face às alegações de envolvimento de funcionários da UNRWA no ataque terrorista de 7 de outubro.
Na nota, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português apela à adoção de “medidas adequadas” e uma “investigação completa e rigorosa” às suspeitas de envolvimento de elementos da UNRWA no ataque a Israel.
“Reconhecendo o trabalho vital da UNRWA, Portugal associa-se à União Europeia e apela à adoção de medidas adequadas e a uma investigação completa e rigorosa”, acrescenta a nota do MNE português.
Entretanto, o Hamas negou que o pessoal da ONU tenha participado nas ações militares e a Autoridade Nacional Palestiniana manifestou “grande espanto com as medidas tomadas por alguns países antes da conclusão das investigações da ONU” para apurar a veracidade das suspeições.
As suspeitas de envolvimento da UNRWA no ataque do Hamas surgem poucos dias depois de Israel ter acusado a Organização Mundial de Saúde, OMS, de estar a ignorar o uso de hospitais para fins militares pela organização terrorista palestiniana.
“O Hamas militarizou toda a zona civil da Faixa de Gaza como parte de uma estratégia premeditada. São factos inegáveis que a OMS prefere ignorar repetidamente. Não se trata de incompetência. Trata-se de conluio”, apontou a embaixadora de Israel junto das Nações Unidas, Meirav Eilon Shahar.
Palestina critica suspensão de apoios
A Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) criticou a suspensão dos apoios à Unrwa, antes de uma investigação sobre a alegada cooperação com o Hamas.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano alertou para o facto de a UNRWA ser fundamental para a sobrevivência de muitos habitantes de Gaza, apelando a que fossem primeiro provadas as acusações de conluio feitas por Israel.
A organização, que governa uma pequena parte da Cisjordânia ocupada, manifestou “grande espanto com as medidas tomadas por alguns países antes da conclusão das investigações da ONU” e exigiu que “as retirem imediatamente, em conformidade com a lei”.
Por seu turno, o ministro palestiniano dos Assuntos Civis, Hussein al-Sheikh, afirmou no X que a Unrwa necessita de “apoio máximo” e “não deve ser cortada do apoio e da assistência”.
O Hamas lançou em 7 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados.
O ataque causou a morte de mais de 1.140 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelitas. “Nunca tantos judeus foram mortos num só dia desde o holocausto”, disse na altura o Presidente de Israel, Isaac Herzog,
Cerca de 240 pessoas foram raptadas e levadas para Gaza, segundo as autoridades israelitas. Cerca de cem foram libertadas no final de novembro, durante uma trégua em troca de prisioneiros palestinianos, e 132 reféns continuam detidos no território palestiniano, 28 dos quais terão morrido.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza
Os israelitas impuseram também um cerco total ao território, com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
ZAP // Lusa
Guerra no Médio Oriente
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Quem manda no Guterres?
Agora que o tribunal internacional de justiça deu parecer positivo à acusação de Genocídio contra Israel, surgem todas estas campanhas de desinformação, especialmente quando Israel já foi apanhado em mentiras flagrantes, alguns países nem esperam pela investigação para tomar uma decisão.
É vergonhoso o que se passa no mundo, quando o ocidente coloca-se do lado das forças de ocupação ilegal, simplesmente porque são aliados.
Qual é o número de mortes civis que o ocidente está confortável? Gostava de saber…
Russia, China e Irão … tal como todo o resto do PS!
Uma árvore não faz uma floresta. 12 funcionários entre milhares não tornam uma organização das Nações Unidas num antro terrorista. Até porque as acusações ainda têm de ser provadas.