Afinal, pensionistas continuam zangados com o PSD – e Montenegro leva com os “fantasmas” de Passos

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Miguel A. Lopes

Luís Montenegro, numa ação no mercado de Setúbal na campanha para as eleições legislativas

Segunda-feira, Luís Montenegro afirmou que o PSD estava reconciliado com os reformados. Terça, trouxe Pedro Passos Coelho para a campanha. Esta quarta-feira, levou com os “fantasmas” do antigo primeiro-ministro.

Luís Montenegro abriu a campanha para as legislativas antecipadas de 18 de maio afirmando que o PSD está reconciliado com os pensionistas.

Isto, mais de 10 anos depois dos cortes levados a cabo por Passos Coelho.

“Prometi que nos íamos reconciliar com os pensionistas e reformados. Estamos não só reconciliados, como estamos num processo de valorização ainda maior daqueles que estão hoje a gozar o seu merecido tempo de reforma”, declarou.

No entanto, esta quarta-feira, em Setúbal, o atual líder dos sociais-democratas foi confrontado com os “fantasmas” de Passos Coelho.

Montenegro ouviu queixas no Mercado do Livramento, sobretudo de reformados e antigos combatentes pelas reformas baixas ou dos cortes que foram feitos durante a liderança de Pedro Passos Coelho, no tempo da “troika”.

“Eu compreendo que as pessoas que há uns anos, por razão da situação financeira do país, viveram tempos de alguma inquietação neste domínio, precisam de uma palavra de segurança. E eu hoje, modéstia à parte, posso dizer às pessoas com toda a confiança para acreditarem, porque já não estamos apenas a assumir compromissos, nós estamos a concretizar aquilo que dizemos“, afirmou.

Questionado se estas inseguranças ainda estão diretamente ligadas a Passos Coelho – que na terça-feira apareceu ao lado de Montenegro num almoço de ex-líderes -, o primeiro-ministro admitiu que foi nesses “momentos de dificuldade que as pessoas foram chamadas a dar a sua contribuição”.

“Acha bem?!”

Logo à entrada do mercado, Montenegro encontrou uma idosa que admitiu ser do PS, mas disse gostar muito do líder do PSD e até desejou a sua vitória. No entanto, a senhora não deixou de lhe fazer uma pergunta crítica.

Eu fui funcionária pública, trabalhei 52 anos e a minha reforma são 680 euros, acha bem?!”, questionou, com o primeiro-ministro a responder que só vendo o caso concreto.

Mais à frente, outra reformada e um antigo combatente repetiram as mesmas queixas.

“A minha reforma é de 350 euros, queria ver o senhor primeiro-ministro”, disse a senhora, a quem Montenegro aconselhou a concorrer ao complemento solidário para idosos, salientando que o atual Governo já aumentou o seu limiar por duas vezes.

Já um antigo combatente na Guiné acusou o Governo PSD/CDS-PP de Passos Coelho de lhe ter tirado “280 euros de reforma, que nunca mais recuperou”, com Montenegro a agradecer o seu serviço e a assinalar que o atual executivo está a aumentar os apoios aos medicamentos para estes militares até atingir os 100%.

Nas legislativas de 2024, a AD elegeu quatro dos 19 deputados no círculo de Setúbal, atrás do PS (sete) e do Chega (com os mesmos quatro deputados).

Pedro Nuno ‘aprecia’

Distanciado do ‘clima de tensão’ entre o PSD e reformados Pedro Nuno Santos acusou o seu arquirrival político de desconhecer a realidade dos pensionistas, alegando que a baixa do IRS propagandeada pelo Governo “diz zero” à maioria deles, uma vez que não pagam este imposto.

“Quando nós ouvimos Luís Montenegro falar dos pensionistas, nós só conseguimos constatar, confirmar que ele não sabe qual é a realidade dos pensionistas em Portugal. Ainda ontem se congratulava com o facto de ter baixado o IRS e isso beneficiar os pensionistas”, disse o líder do PS.

Segundo o secretário-geral do PS, o primeiro-ministro “não faz ideia de que uma maioria larga dos pensionistas em Portugal não paga IRS e não paga IRS porque as pensões são baixas”.

“Luís Montenegro não sabe do que fala porque não conhece os pensionistas, e só alguém que não conhece os pensionistas fala do IRS para um pensionista que não ganha o suficiente para poder pagar IRS”, criticou.

Miguel Esteves // Lusa

6 Comments

  1. A “gozarem” o merecido tempo de reforma, sr 1º ministro ? Com 650 euros, por mês, ou menos, eu gostaria de saber que gozo é que o sr tinha , sr 1º ministro? Não havendo dinheiro que chegue para comer, para comprar medicamentos receitados pelo SNS, enquanto existir( não faço ideia do que será se por acaso acabar, sr 1º ministro?) que gozo é que se pode ter? Isto é mesmo gozar com quem está reformado!!!

  2. é mais urgente a revercao dos cortes dos 5% nos Politicos.
    é mais urgente os aumentos dos funcios.
    é mais urgente o IRS jovem e fomentação para comprarem casa.
    Além do mais os pensionistas de hoje começaram a fazer descontos antes do 25.4, os descontos eram em escudos que no 25.4 a cotação era 1Dem=6,5Esc, muito mais tarde devido à desvalorizacao 1Dem=102,5Esc. Esses descontos bem como os Salarios da altura foram convertidos directamente em euros ou seja 1€=200,48, de maneira que não é de esperar outra coisa que reformas muito baixas.
    Mas o essencial é as prioridades dos Governos e o atendimento ao “Social” que resume à prioridade da satisfação dos Politicos e dos Funcios, ou seja, puro Socialismo/Marxismo que o “Estado” é afinal na sua essencia para satisfazerem os que Recebem do Estado, os outros, são bichos de estimação dos Funcios e Politicos, vao recebem umas migalhas,e,e,e,não piem muito.

  3. O PS nunca tem culpa. Fazem a merda, mas todos esquecem, e culpam as pessoas erradas! Basta disto, caramba. Quem chamou a Troika foi o PS, em 2011, OK, gente burra?

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