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Afinal, o “ouro dos tolos” pode mesmo ser valioso

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Uma equipa de cientistas e engenheiros da Universidade do Minnesota, nos Estados Unidos, transformou eletricamente sulfureto de ferro (pirita), um material abundante e não magnético, num outro material magnético.

Este material, recorda o jornal espanhol ABC, é bastante semelhante com o ouro: possui um brilho metálico e um tom dourado. Por isso, e tendo em conta que é menos valioso do que este metal, é também comummente mencionado como “ouro dos tolos”.

Agora, uma nova investigação destaca que é possível que este “ouro dos tolos” seja, afinal, valioso para algumas componentes tecnológicas, por exemplo.

O estudo, cujos resultados foram esta semana publicados na revista Science Advances, demonstrou pela primeira vez um elemento não magnético a ser transformado num outro magnético, avanço que pode ser importante para criar novos dispositivos que melhoram, por exemplo, a memória dos computadores e tornam o consumo de energia mais eficiente.

“A maioria das pessoas com formação em magnetismo dirá, muito provavelmente, que é impossível transformar eletricamente um material não magnético em material magnético”, começou por explicar o autor principal do estudo, Chris Leighton, citado pelo mesmo diário.

E acrescentou: “No entanto, quando analisamos um pouco mais [o material], encontramos um rota potencial e fizemos com que esta acontecesse“, disse.

Leighton e a sua equipa estudam o sulfureto de ferro há mais de uma década, visando encontrar um caminho para usar este material em células solares. O enxofre, particularmente, tem um custo muito baixo e é um sub-produto abundante na produção de petróleo. No entanto, para já, não foi ainda encontrada a “chave”.

A pirita, recorde-se, é a combinação de enxofre com um qualquer metal.

“Voltamos realmente ao material de sulfureto de ferro para tentar descobrir os obstáculos fundamentais às células solares baratas e não tóxicas“, explicou Leighton.

“Simultaneamente, a minha equipa também trabalhava no campo emergente da magneto-iónica, onde tentamos usar tensões elétricas para controlar as propriedades magnéticas dos metais para possíveis aplicações em dispositivos de armazenamento de dados magnéticos. Em algum momento, percebemos que deveríamos combinar estas duas direções de pesquisa – e valeu a pena”, continuou o investigador.

Para chegar à conversão do material, os cientistas recorreram à ativação de eletrólitos.

“Surpreendeu-nos bastante o facto de ter funcionado (…) Essencialmente, aplicar a voltagem despejamos eletrões no material”.

De acordo com a equipa, os próximos passos passam por continuar as investigações de forma a replicar o processo em temperaturas mais altas, uma vez que os dados preliminares indicam que deverá ser possível. Os especialistas esperam também testar o processo com outros materiais que não o sulfureto de ferro e demonstrar o potencial desta transformação para dispositivos reais.

ZAP //

 

 

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