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Jurassic Park estava errado. Afinal, os deinonicos caçavam sozinhos

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Triple-green / Flickr

Deinonychus antirrhopus

Uma análise a dentes fósseis de deinonicos mostra que este género de dinossauro provavelmente não caçava em grandes grupos, tal como foi recriado no cinema.

Os deinonicos (Deinonychus antirrhopus) ficaram famosos nos filmes da saga Jurassic Park, que os retratava como predadores muito inteligentes que trabalhavam em grupo para caçar grandes presas.

No entanto, de acordo com Joseph Frederickson, paleontólogo e diretor do Weis Earth Science Museum, da Universidade de Wisconsin-Oshkosh, esta teoria amplamente aceite, proposta pelo famoso paleontólogo John Ostrom, não é, de todo, convincente.

“O problema com esta ideia é que os dinossauros vivos (pássaros) e os seus parentes (crocodilos) não costumam caçar em grupo e raramente caçam presas maiores do que eles”, explicou o investigador, citado pela agência Europa Press.

Recentemente, os cientistas propuseram um modelo diferente de comportamento nas aves de rapina, que se acredita serem mais como os dragões de Komodo, nos quais os indivíduos podem atacar o mesmo animal, mas a cooperação é limitada. “Propusemos neste estudo que existe uma correlação entre a caça em grupo e a dieta dos animais à medida que crescem“, explicou Frederickson.

No caso dos dragões de Komodo, as crias correm o risco de ser comidas por adultos, portanto refugiam-se nas árvores, onde encontram uma grande quantidade de alimentos que não estão disponíveis para os seus pais, que vivem no solo. Os animais que caçam em grupo geralmente não apresentam essa diversidade alimentar.

“Se podemos ver a dieta das aves de rapina jovens versus a das aves de rapina velhas, podemos chegar a uma hipótese sobre se caçaram em grupos”, disse Frederickson.

Os cientistas analisaram, então, a química dos dentes dos Deinonychus, que viveram durante o período Cretáceo (há cerca de 115–108 milhões de anos). “Foram usados isótopos estáveis de carbono e oxigénio para ter uma ideia da dieta e das fontes de água destes animais. Também observámos um crocodilo e um dinossauro herbívoro da mesma formação geológica.”

A equipa descobriu que os crocodilos cretáceos, como as espécies modernas, mostram uma diferença na dieta entre os dentes mais pequenos e maiores, o que indica uma transição distinta na dieta à medida que crescem.

“Isto é o que esperaríamos de um animal no qual os pais não fornecem comida às suas crias. Também vemos o mesmo padrão em aves de rapina, onde os dentes mais pequenos e os dentes grandes não têm os mesmos valores médios de isótopos de carbono, o que indica que estavam a comer alimentos diferentes.”

“Isto significa que os adultos não estavam a alimentar os jovens, e é por isso que acreditamos que o Jurassic Park estava errado sobre o comportamento destes dinossauros”, explica Frederickson.

O investigador, autor do estudo publicado na revista científica Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, acrescenta que o método utilizado pode ser aplicado para ver se outras criaturas extintas caçaram em grupo.

ZAP //

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