Afinal a barba faz bem à saúde

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wang-lu / Flickr

Um estudo realizado num hospital americano demonstrou que os homens com a barba feita – e não os barbudos – eram mais propensos a carregar algo desagradável nos seus rostos. 

É sabido que uma boa barba é um local propício para certos microrganismos se abrigarem, mas um novo estudo, publicado no Journal of Hospital Infection, chegou a uma conclusão inesperada.

O estudo analisou o conteúdo de bactérias dos rostos de 408 funcionários com e sem barba de um hospital americano, e concluiu que o grupo sem barba era mais de três vezes mais propenso a ser portador de uma bactéria perigosa, conhecida como Staphylococcus aureusresistente à meticilina.

Trata-se de uma fonte particularmente comum e problemática de infecções hospitalares, resistente a muitos dos antibióticos atuais.

Os cientistas sugerem que fazer a barba pode provocar pequenas abrasões na pele, e esses microcortes podem facilitar a colonização e proliferação bacteriana.

A outra explicação possível é a de que barbas combatem infecções.

Movido pela curiosidade, o apresentador britânico da BBC Michael Mosley resolveu aprofundar a questão e enviou algumas amostras de diferentes barbas para Adam Roberts, um microbiologista da Universidade College London, no Reino Unido.

O cientista conseguiu cultivar mais de 100 bactérias diferentes a partir das barbas, incluindo uma comum no intestino delgado.

De acordo com o microbiologista, isto não é preocupante – é mesmo normal.

Mas o mais interessante, no entanto, é que em algumas das placas de Petri usadas durante o estudo, algo estava claramente a matar as outras bactérias.

O suspeito mais óbvio era algum micróbio: bactérias e fungos competem uns contra os outros por comida, recursos e espaço.

Ao fazerem isso ao longo de milhares de anos, levaram ao desenvolvimento de algumas das mais sofisticadas armas contra micróbios: os antibióticos.

Barbacilina?

Provavelmente já conhece a história da penicilina, descoberta sem querer por Alexander Fleming quando o fungo Penicillium notatum foi parar ao seu laboratório e matou algumas bactérias que estava a cultivar numa placa de Petri.

Poderiam os micróbios misteriosos nas barbas de alguns homens estar a fazer algo semelhante, matando bactérias perigosas? “Possivelmente”, afirma Adam Roberts.

O microbiologista identificou os assassinos silenciosos como parte de uma espécie chamada Staphylococcus epidermidis. Quando testada contra uma forma particularmente resistente à droga de E. coli, que causa infecções do trato urinário, a espécie provou-se uma excelente lutadora.

Infecções resistentes a antibióticos matam pelo menos 700 mil pessoas por ano, e há 30 anos que não é lançado nenhum novo antibiótico.

Logo, esta informação, em conjunto com outros estudos que vêm sendo realizados, poderão fazer parte do caminho para um futuro menos mortal.

No entanto, testar um novo antibiótico é tão caro e tem uma taxa tão elevada de fracasso que é extremamente improvável que, nos próximos tempos, um novo medicamento surja a partir de estudos com barbas.

Mas ainda há esperança: a busca não vai ser interrompida.

HypeScience

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