Afeganistão passa por emergência que não passa nas notícias

UNHCR/Oxygen Empire Media Production

Refugiados do Afeganistão no Paquistão

Não estava nas contas: quase 1.5 milhões de refugiados voltam a um país muito frágil. “Não temos nada”.

Os talibãs assumiram o controlo do Governo do Afeganistão em Agosto de 2021. Nestes três anos, a situação humanitária no país piorou.

O conflito já não é o principal problema. Mas os outros não são menos graves. Pelo contrário: pobreza, fome e constantes catástrofes naturais estão a destruir a vida de milhões de pessoas.

3,25 milhões de afegãos continuam deslocados dentro do país e mais de 5,5 milhões são refugiados registados ou afegãos em situação de refúgio noutros países da região, anunciou a ACNUR, a Agência da ONU para os Refugiados, em comunicado enviado ao ZAP.

A maioria fugiu para o Irão e para o Paquistão mas, nos últimos meses, aconteceu algo que não estava nas contas: o regresso antecipado desses refugiados.

Os refugiados afegãos estavam em situação cada vez mais perigosa no Irão (economia, discriminação e tendência anti-afegã) e no Paquistão (ordem para expulsar imigrantes sem documentos) e a grande maioria já voltou, ou vai voltar ainda neste ano, ao seu país natal.

Estima-se que quase 1.5 milhões de refugiados regressem em 2024, inesperadamente, a um país que atravessa uma situação muito complicada.

É um ponto crítico, uma crise humanitária no Afeganistão: sem casa, sem comida e sem apoios, infraestruturas destruídas, sistemas alimentares e de saúde em colapso…

E esta emergência humanitária tem sido agravada por outro factor: desastres naturais. Sismos, cheias repentinas e devastadoras.

A última vaga de cheias ocorreu há precisamente um mês e as necessidades são muitas entre uma população já muito fragilizada.

Não temos nada: nem combustível para cozinhar, nem comida, nada. Recebemos algumas ajudas dos vizinhos, mas dependemos quase exclusivamente de chá e pão. Estamos a viver em grandes dificuldades, sem nada do que tínhamos. Estou muito preocupada com o futuro”, relata a afegã Said Khanim, mãe de 5 filhos, afetada pelas cheias de maio.

ZAP //

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