O Google Chrome vai deixar de suportar em breve extensões que bloqueiem a publicidade, uma decisão que está a ser criticada pelos utilizadores e que contraria as recomendações de cibersegurança do FBI.
A Google anunciou mais um passo na sua guerra contra os adblockers, com um aviso na Chrome Web Store que alerta que estas extensões vão ser desativadas em breve nos browsers baseados no Chrome.
Este aviso foi detetado pelos utilizadores quando iam fazer a instalação do uBlock Origin, um dos bloqueadores de anúncios mais populares e mais eficazes. “Esta extensão poderá em breve não ser mais suportada porque não segue as práticas recomendadas para extensões do Chrome”, lê-se na página.
O aviso inclui um link para um boletim de suporte do Google que afirma que a extensão do navegador pode ser desativada para proteger a privacidade e segurança dos utilizadores.
“Para proteger melhor a sua privacidade e segurança, o Chrome e a Chrome Web Store exigem que as extensões estejam atualizadas com os novos requisitos. Com isso, o Chrome pode desabilitar extensões que não cumpram esses requisitos”, refere o boletim.
Apesar de a Google alegar que esta mudança é para proteger os utilizadores, o FBI não concorda. Em 2022, a agência federal norte-americana recomendou que todos os internautas instalassem um adblocker, alertando que muitos piratas informáticos compram espaços publicitários para extorquir dinheiro ou dados pessoais dos utilizadores ou para a instalação de malware, com “distinções mínimas” em relação aos anúncios legítimos.
Esta nova abordagem do Chrome surge no seguimento de um teste feito no ano passado no YouTube — que também é detido pela Google — que interrompeu temporária ou permanentemente a reprodução de vídeos para utilizadores com bloqueadores de anúncios.
Os utilizadores recebiam uma mensagem a pedir que desativassem os adblockers no YouTube, embora a mensagem eventualmente lhes permitisse continuar a assistir aos vídeos. Há ainda relatos de outras pessoas que receberam avisos de que o serviço bloquearia completamente o seu acesso após assistirem a mais três vídeos.
Por enquanto, a decisão parece apenas estar a afetar utilizadores do Chrome. No entanto, há vários outros browsers baseados no sistema Chromium da Google — como o Microsoft Edge, o Opera ou o Brave — que podem vir a ser abrangidos por esta proibição aos adblockers num futuro próximo.
Vários internautas no Reddit e no Twitter já manifestaram o seu descontentamento e recomendam que os utilizadores optem por outro browser que não seja baseado no Chromium, sendo o Mozilla Firefox a alternativa mais conhecida.
Há ainda quem questione se é possível que a Google seja responsabilizada criminalmente por não verificar a legitimidade da publicidade, já que é frequente que esquemas de phishing e conteúdos adultos mascarados como anúncios apareçam no topo das pesquisas no motor de busca.
Esta mudança surge numa altura em que a Google está sob fogo com o Departamento de Justiça nos Estados Unidos, também por questões relacionadas com os direitos do consumidor.
O Governo norte-americano alega que a empresa criou um monopólio ilegal que prejudica a concorrência ao assinar contratos com fabricantes de telemóveis para ter os seus produtos instalados automaticamente nos dispositivos, estando em cima da mesa a possibilidade de forçar legalmente a Google a separar-se.