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Há mais uma actriz portuguesa a brilhar em Hollywood (e sente-se “estrangeira em Portugal”)

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CV RTP1

Actriz Jani Zhao com arma na mão numa cena da série "Capitães do Açúcar" na RTP1.

A actriz Jani Zhao numa cena da série “Capitães do Açúcar” na RTP1.

O filme “Aquaman e o Reino Perdido”, com Jason Momoa como protagonista, é a porta de entrada de Jani Zhao em Hollywood. Para a actriz portuguesa que também é “outras coisas”, a representação é um ato político.

Jani Zhao diz que “é divertido ter conseguido chegar lá fora, estar em Hollywood” e “começar uma carreira internacional”. Mas o que conta realmente, para ela, “são os passos concretos nesta luta” e na “missão de que podemos ser diversas coisas e de começar a convocar as pessoas para criar outras narrativas”.

A actriz de 31 anos integra o elenco da produção norte-americana “Aquaman e o Reino Perdido”, de James Wan, que chega aos cinemas a 21 de Dezembro próximo. É a sua estreia internacional numa carreira na representação iniciada há mais de 15 anos.

A participação no filme surge depois de ter estado, em 2017, no programa português “Passaporte” que põe em contacto talentos da representação com directores de ‘casting’.

A rodagem desta produção da DC Comics aconteceu em 2021, no Reino Unido e nos Estados Unidos, e Jani Zhao interpreta o papel de Stingray, uma personagem que existe na banda desenhada – tal como Aquaman – e sobre a qual pouco pode adiantar antes da estreia, por questões de confidencialidade.

“Não posso dizer com quem contracenei, porque não vão perceber tudo já imediatamente”, mas Stingray “é uma figura assim muito intimidante“, swublinha Jani Zhao em entrevista à agência Lusa.

“Sou sempre vista como estrangeira em Portugal”

Sobre esta aventura por Hollywood, actriz destaca que “pagaram muito bem”, mas nota que o mais importante foi o passo que deu numa missão pessoal sobre aquilo que representa e o tipo de narrativas que defende.

“Até hoje, apesar de já ter uma carreira bastante sólida em Portugal, eu sou sempre vista como uma estrangeira“, lamenta Jani Zhao, reparando que “a mentalidade [portuguesa] ainda está em reconstrução” e que “os anos da ditadura ainda se sentem muito na sociedade, os ‘brandos costumes’”.

“Os anos todos de colonialismo ainda estão muito intrínsecos na cultura portuguesa. E isso sente-se. Eu, que sou portuguesa tanto como tu, não sou considerada portuguesa aos olhos de muitos portugueses”, lamenta.

Jani Zhao nasceu em Leiria, e é filha de pais chineses emigrados em Portugal.

Estudou dança com a companhia de Olga Roriz e teatro na Escola Profissional de Teatro de Cascais, de Carlos Avilez.

Além de trabalhos em moda, o currículo conta com várias participações em teatro, cinema e televisão.

Alguns dos papéis que interpretou no início da carreira eram de personagens asiáticas. Foi a Sandra Chung numa temporada da série “Morangos com Açúcar”, a Susana Wang na telenovela “Jogo Duplo”, e Chung Li no filme “Cabaret Maxime” de Bruno de Almeida.

“Até há muito pouco tempo, eu tinha de ter uma justificação para existir. A minha personagem tinha de ter toda uma história inventada que justificasse a minha existência. E, neste momento, aquilo que eu procuro é que isso não tenha de acontecer”, esclarece Jani Zhao.

Tudo começa no nome…

O nome é o princípio de qualquer coisa. Em 2019, interpretou Alice, na série policial “Sul” de Edgar Medina e Ivo M. Ferreira. Em 2021, foi Júlia Andorinho na série “Capitães do Açúcar” de Ricardo Leite, e acabou de rodar a série “O Americano”, também de Ivo M. Ferreira, no papel de Felicidade.

“O que é que são estes projectos que fiz e que vou fazer e que têm uma grande importância no trajecto? A minha fisionomia não ser relevante para as personagens que estou a encarnar. Não é de todo relevante”, resume.

A actriz quer estar em projetos que promovam outras narrativas, que representem a luta das minorias, que representem a diversidade da sociedade, porque tudo é “um acto político”.

“É importante trazer também para o cinema português, para a ficção portuguesa, para o audiovisual português, porque essas pessoas fazem parte da sociedade portuguesa“, destaca, notando que é essa a sua grande missão.

“Procuro trabalhos com condições justas. E com pessoas… com boa gente”, conclui.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Jani Zhao tem, naturalmente, uma fisionomia oriental. Não será estranho que seja chamada a representar personagens de origem oriental. Que estava ela à espera? De representar Inês de Castro ou a Padeira de Aljubarrota?… Não que tal fosse de todo impossível, mas seria exigir dos espetadores uma flexibilidade que a maioria não tem…O mesmo acontece nos EUA. Jani Zhao nunca serria chamada a representar o papel de Jacqueline Kennedy…

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