Achavam que tinham encontrado sinais de uma nave alienígena. Era só um camião

Avi Loeb

Esferas metálicas, com cerca de 0,3 mm de diâmetro, encontradas pela equipa de Avi Loeb

Aparentemente, as esférulas encontradas por Avi Loeb e a sua equipa no fundo do Oceano Pacífico, na Papua Nova Guiné, não eram fragmentos do objeto interestelar IM1.

Em 2022, o astrónomo Avi Loeb, investigador da Universidade de Harvard, e a sua equipa partiram a bordo de um barco chamado Silver Star, numa jornada pelo Oceano Pacífico em busca dos restos do meteorito interestelar IM1, que em 2014 se despenhou no Oceano Pacífico, perto da Papua Nova Guiné.

O IM1, detetado em 2014 por sensores do Departamento de Defesa dos EUA, e identificado em 2019 como objeto interstelar pelo Comando Espacial norte-americano, é considerado o primeiro meteorito interestelar conhecido. Tinha um diâmetro de 0,45 metros, uma massa de 460 kg e chegou à Terra a uma velocidade de 60 km/s.

Uma ilha ao norte da Papua Nova Guiné, chamada Manus, teria sido o ponto de impacto do visitante interestelar.

A expedição de Avi Loeb usou um “trenó” magnético submersível para vasculhar o fundo do oceano em busca de fragmentos do objeto celeste, designado como IM1, ou CNEOS 2014-01-08.

Para guiar a expedição em busca do IM1, a equipa de Loeb usou sinais de ondas sonoras que pareciam ser provenientes de uma bola de fogo produzida pela queda do meteorito.

Em junho de 2023, Loeb anunciou que a sua expedição tinha encontrado centenas de esférulas minúsculas que poderiam ser fragmentos do objeto.

 

Agora, um novo estudo conduzido por cientistas da Universidade Johns Hopkins revelou que essas ondas sonoras provavelmente eram vibrações de um camião que passava por uma estrada próxima do litoral. Essa descoberta coloca dúvidas de que as esférulas encontradas sejam materiais do meteorito.

O sismólogo Benjamin Fernando, líder da equipa que anunciou a descoberta, disse que “o sinal mudou de direção ao longo do tempo, correspondendo exatamente a uma estrada que passa pelo sismógrafo”.

Fernando ainda afirma que é possível “mostrar que existem muitos sinais como este com todas as características que esperaríamos de um camião e nenhuma das características que esperaríamos de um meteoro”. A equipa de Fernando usou dados de estações instaladas para detetar ondas sonoras provenientes de testes nucleares.

A boa notícia é que os autores deste estudo identificaram uma localização mais provável para o meteorito interestelar, a mais de 160 km da área que foi alvo da tripulação a bordo do Silver Star. A má notícia é que, segundo a equipa, as tais esférulas recuperadas do fundo do oceano eram detritos de meteoritos comuns misturados com contaminação terrestre.

Pedaços de nave alienígena?

Apesar das suas contribuições importantes para a astrofísica no passado, Avi Loeb tornou-se mais conhecido na imprensa pelas suas polémicas: afirmou em incontáveis ocasiões que as esférulas encontradas no oceano poderiam ser vestígios de uma nave alienígena.

Estes materiais são esferas minúsculas compostas por uma liga metálica que, segundo Loeb, seria inigualável a qualquer outra existente no nosso Sistema Solar. Loeb não apenas anunciou as esférulas como remanescentes do IM1, como alardeou as hipóteses sobre tratar-se da primeira evidência sólida de seres interestelares.

Na comunidade científica, essas alegações não são muito bem vistas, já que não há evidências concretas. Além disso, o modo como a abordagem de Loeb chamou a atenção da imprensa não é visto com bons olhos pelos seus colegas. Um estudo publicado no final de 2023 afirmou que as tais esférulas eram apenas resíduos de materiais industriais terrestres.

Para Fernando, “o que quer que tenha sido encontrado no fundo do mar não tem nenhuma relação com este meteoro [o IM1], independentemente de ser uma rocha espacial natural ou um pedaço de uma nave espacial alienígena”.

A equipa de Fernando vai apresentar as descobertas a 12 de março na Conferência de Ciência Lunar e Planetária, em Houston.

ZAP // CanalTech

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