As abelhas não usam máscara, mas também recorrem ao distanciamento social para prevenir infeções

As abelhas também se preocupam com a transmissão de ácaros varros, que se alimentam dos seus órgãos e são uma das principais ameaças à sua existência.

Isto do distanciamento social para se evitar o contágio de doenças não é só coisa de humanos. Um estudo publicado na Science Advances concluiu que as abelhas mudam os seus comportamentos e o uso do espaço para evitarem a transmissão de ácaros varroa, que se alimentam dos órgãos das abelhas e podem acolher vírus.

Os investigadores observaram estas mudanças em abelhas selvagens e enjauladas que estavam infetadas com os ácaros, que são uma das maiores ameaças globais a estes animais, escreve a Scientific American.

A equipa notou ainda que nas populações selvagens infetadas, as abelhas forrageiras mais velhas fazem danças forrageiras — que usam para mostrar outras abelhas onde podem encontrar comida — perto da periferia da colmeia, o que indica que estavam a tentar evitar que as abelhas enfermeiras mais jovens e as larvas no centro da colmeia corressem o risco de ficarem doentes.

“Interpretamos esta mudança na organização social como uma estratégia possível para limitar a transmissão do parasita dentro da colmeia”, revela Michelina Pusceddu, autora principal do estudo.

Como previsto, as abelhas infetadas recebem mais cuidados do que as que não estão infetadas. Mas ao contrário do que se esperava, estas também se envolviam em mais atividades sociais, como o toque das antenas e a partilha de comida regurgitada.

Isto pode refletir uma cedência que tem de ser feita entre a limitação da transmissão das doenças e a manutenção da comunicação, de acordo com os autores, já que o distanciamento social também tem um impacto negativo numa escala pequena.

O estudo mostra um exemplo de como há “mudanças comportamentais muito complicadas” nos animais quando têm de lidar “com os desafios especiais que surgem com a vida num grande grupo social”, revela Adam Dolezal, um entomologista que não esteve envolvido no estudo.

Para além das abelhas, as formigas, as lagostas, os pássaros e os primatas também já mostraram sinais de comportamentos de distanciamento social.

ZAP //

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