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A Terra vai ser atingida por um monte de lixo espacial este fim de semana

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NASA/ Jonathan McDowell/X

Palete de equipamentos que vai atingir a Terra

Lixo do tamanho de um SUV reentra na atmosfera terrestre ainda esta sexta-feira. Cerca de meia tonelada de fragmentos vai atingir a superfície do planeta. “Fenómenos luminosos ou perceção de estrondo sónico são possíveis”.

Em 2020, um navio de abastecimento japonês entregou uma palete de equipamento — Exposed Pallet 9 (EP9) — à Estação Espacial Internacional (ISS) para uma missão de substituição de baterias. Esta palete, utilizada para trocar as antigas baterias de níquel-hidrogénio por novas de iões de lítio, foi mais tarde ejetada para o Espaço, em 2021.

Após anos a orbitar a Terra, espera-se que este grande pedaço de lixo espacial, comparável em tamanho a um SUV, reentre na atmosfera terrestre entre esta sexta-feira e sábado.

Não se espera, no entanto, que todo o lixo se desintegre ao reentrar; antecipa-se que aproximadamente meia tonelada de fragmentos atinja a superfície da Terra, representando um risco potencial.

“Fenómenos luminosos ou perceção de estrondo sónico são possíveis”, segundo o Gabinete Federal de Proteção Civil e Ajuda em Desastres alemão.

Não se sabe ao certo a trajetória específica e o local de reentrada, mas estes serão atentamente monitorizados para atualizações. Marco Langbroek, que está a seguir o satélite, já avistou a bateria enquanto passava pelos Países Baixos.

O evento vem sublinhar o problema sério imposto pelo lixo espacial, uma preocupação que tem crescido ao longo dos anos — e que até levou, recentemente, à primeira multa por poluição, imposta pelos EUA.

O problema tornou-se mais evidente quando astronautas, durante uma caminhada espacial, libertaram acidentalmente uma bolsa de ferramentas na órbita em novembro passado, que também está prevista para reentrar na atmosfera terrestre em breve.

Atualmente, mais de 37.000 peças de detritos maiores que uma bola de andebol orbitam a Terra, de acordo com o EarthSky, sem um consenso internacional sobre a responsabilidade pela limpeza.

O conceito de síndrome de Kessler, proposto pelo cientista da NASA Donald Kessler em 1978, descreve um futuro onde a densidade de objetos em órbita baixa da Terra é alta o suficiente para causar uma cascata de colisões.

Além disso, o problema dos resíduos espaciais não se limita à órbita da Terra; a Lua alberga 100 sacos de resíduos humanos deixados de missões anteriores, um número que se prevê que aumente com futuras explorações lunares, como a missão Artemis.

Os detritos espaciais viajam a cerca de 25 mil quilómetros por hora, existindo no espaço mais de 36 mil objetos com mais de 10 centímetros, um milhão de objetos com um a dez centímetros e 130 milhões de objetos com menos de um centímetro.

“Qualquer pedacinho de lixo, mesmo que seja inferior a dez centímetros, é uma autêntica bala de canhão e que pode destruir completamente um ativo. Esses objetos no espaço são uma ameaça às operações comerciais e científicas, no sentido que danificam os satélites, mas também do ponto de vista da sustentabilidade da humanidade”, afirmou recentemente Carlos Cerqueira, diretor de desenvolvimento de negócio da Neuraspace, empresa de Coimbra que criou uma ferramenta capaz de proteger cerca de 300 satélites de colisões com lixo espacial.

De acordo com o diretor de desenvolvimento de negócio da Neuraspace, quando um objeto de dez centímetros choca com um satélite, os danos causam mais uma centena de detritos e geram “um efeito exponencial”.

“Tal pode fazer com que a Terra, a dada altura, fique coberta por uma carapaça de objetos metálicos, que impeçam que se aceda ao espaço. A humanidade ficaria presa na Terra para sempre, sem possibilidade de viajar no espaço”, concretizou, aludindo à descoberta do astrónomo americano Kessler.

ZAP //

1 Comment

  1. Já foi.
    Caiu todo o lixo na cabeça da dra. Manuela Ferreira Leite.
    Com o impacto, desatou a dizer insanidades mentais sem nexo, que só pela pancada se justificam.

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