A Terra já teve anéis como os de Saturno. Caíram lentamente do céu

ZAP // VA

A Terra pode ter desenvolvido um anel de detritos semelhante ao de Saturno que durou dezenas de milhões de anos — e que pode ter afetado o clima do planeta.

A sombra resultante criada pelo anel pode ter conduzido ao arrefecimento global e às condições mais gélidas vividas pela Terra nos últimos 500 milhões de anos.

Segundo a NewScientist, foram identificadas 21 crateras em todo o mundo que foram criadas pela queda de meteoritos, durante o Ordoviciano, há 466 milhões de anos.

Num novo estudo, publicado na semana passada no Earth and Planetary Science Letters, os investigadores reconstruíram um aumento invulgar do número de impactos de meteoritos determinando que um anel que se decompõe na órbita da Terra pode ser uma explicação plausível para a anomalia.

A equipa acredita que um asteroide, com mais de 12 quilómetros de diâmetro, passou tão perto da Terra que foi despedaçado pela força gravitacional do planeta, criando um anel de detritos.

“Ao longo de milhões de anos, o material deste anel caiu gradualmente na Terra, criando o pico de impactos de meteoritos observado no registo geológico”, explica o primeiro autor do estudo, Andrew Tomkins.

“Também vemos que as camadas de rochas sedimentares deste período contêm quantidades extraordinárias de detritos de meteoritos”, acrescenta o  investigador da Monash University, em Melbourne, na Austrália.

Oliver Hull

A impressão artística do anel rochoso que a Terra poderá ter tido

Os dados revelados neste estudo ainda não são suficientes para dizer que a Terra tinha de facto anéis. No entanto, uma das formas de testar a hipótese seria procurar grãos específicos de asteroides nas crateras identificadas e noutros depósitos com idades semelhantes, para ver se as crateras ligadas a anéis mostram uma assinatura clara.

“A próxima fase da investigação vai ser a numeração numérica. Já temos isso em andamento, mas espero que outros cientistas também o façam”, conclui Tomkins.

Os cientistas esperam conseguir criar modelos matemáticos de como os asteroides se dividem e dispersam, e como o anel resultante evolui ao longo do tempo.

Esta modelação vai ser capaz de desagregar o asteroide e formar o anel a partir dos seus detritos.

Soraia Ferreira, ZAP //

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