Antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas muito crítico do clima “quase de ultraje” vindo dos EUA. “Isto não é uma nuvem passageira, isto é uma tempestade de quatro anos”.
O general Luís Valença Pinto considera que “neste momento a NATO morreu” uma vez que “não há vínculo transatlântico” entre a atual administração norte-americana de Donald Trump e as nações europeias, que devem fazer “um planeamento de Defesa”.
“Como é que há vínculo transatlântico com uma pessoa que diz as coisas que o senhor Trump diz? Que o senhor Vance veio aqui à Europa dizer? O que o secretário da Defesa veio aqui à Europa dizer? Não há”, defendeu o general em declarações à agência Lusa.
O antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2006 e 2011, considerou que, atualmente, ninguém “pode assumir como tranquilo” que o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte – que estabelece que um ataque contra um dos países-membros da NATO é um ataque contra todos – “está lá para ser acionado”.
Este é um dos dois artigos que o general classificou como essenciais no tratado fundador da NATO. O outro, “também importante, mas não tão decisivo como este, é o artigo 4.º” relativo à “consulta entre aliados”. E pergunta: “como é que há consulta entre aliados quando o clima é de absoluta disputa, quase de ofensa, quase de ultraje, vindo dos Estados Unidos?”, questionou.
Na opinião do general Valença Pinto, a NATO “está lá, formalmente” e “o melhor que lhe pode acontecer é ficar mais uma vez congelada”, considerando que tal é difícil no contexto atual.
“Neste momento, diferentemente do que se passava em 2017 e 2021, no primeiro mandato Trump, temos uma triste coisa, uma grave coisa, que se chama um conflito que a Rússia impôs à Ucrânia e, portanto, é muito difícil ficar-se congelado quando se tem uma coisa destas ao lado, no mesmo continente”, salientou.
Interrogado sobre a afirmação do ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, que na quarta-feira, num debate sobre o tema na Assembleia da República, afirmou que a relação entre Portugal e os EUA é “absolutamente fundamental” e não depende de “contextos momentâneos”, Valença Pinto considerou ser “uma afirmação de boa vontade”.
O general salientou que Donald Trump tem um mandato de quatro anos, e “não parece que vá moderar a linguagem” ou a “atitude e comportamento”, rejeitando que esteja em causa uma “situação de conjuntura”.
“Não há nenhum pseudo-atlântismo que possa, a meu ver, – e digo com muita mágoa, – fundamentar a ideia de que isto é uma coisa passageira. Isto não é uma nuvem passageira, isto é uma tempestade de quatro anos e com grandes manifestações de borrasca”, vaticinou.
Na opinião do antigo chefe militar, o facto de milhões de portugueses viverem em território norte-americano ou a relação comercial entre os dois países não pode “alterar ou condicionar” a visão de Portugal em relação aos EUA.
“A nossa visão tem que ser construída à luz da realidade. Como é que os Estados Unidos olham para o mundo e em particular para a Europa? (…) Olham para a Europa com desprezo e animosidade, ponto final. E o que nós mais podemos fazer é lamentar isso e a seguir trabalhar construtivamente com os nossos parceiros europeus. Não contra os EUA, é evidente, mas a favor da paz, dos direitos humanos, da liberdade, do direito de expressão, do primado da lei”, argumentou.
Exército europeu? É só “um soundbite”
Valença Pinto considerou que “está mais do que no tempo de a Europa, de uma vez por todas, cuidar da sua segurança e Defesa”.
Afirmando que a ideia de um eventual exército europeu é apenas “um soundbite”, o general realçou que a NATO também não tem um exército próprio, mas sim “um conjunto de forças que os países atribuem à Aliança Atlântica, com graus diferentes de vinculação, umas mais prontas, outras menos prontas”.
Na opinião do general, “é isso que a União Europeia tem que fazer, um planeamento de Defesa”.
“Estamos num tempo, aqui na Europa, em que, tal como noutras áreas do processo europeu, a Defesa vai ser sede de um processo de soberania partilhada e das duas, uma: ou Portugal quer ser parte desse processo de soberania partilhada, associando-se a outros ou, se não quiser, será completamente marginalizado e secundarizado no processo europeu”, alertou.
ZAP // Lusa
Epa gastos militares em Portugal não pá a gente tem de poupar guito prós pavilhões transfronteiriços e prós festivais lgbt, agora submarinos dasse
A morte cerebral da NATO de que Macron falava afinal vai ser imposta por Trump? Ou será que a NATO se torna uma aliança mais europeia, sem a participação dos EUA? Trump vai sair da NATO antes que Putin ataque mais algum país europeu? Ou só quer que a Europa gaste mais em defesa para vender as armas, aviões e equipamentos que a indústria americana produz?
A NATO deveria ter morrido, a partir da época em que a União Soviética desmoronou e o Pacto de Varsóvia foi extinto. Daí para cá, deslizou da uma funçao defensiva para que foi criada, para ofensiva conforme os interesse geo estratégico de quem manda (ou vai mandando menos) nisto tudo. Os recursos, que até aqui foram necessários para alimentar esta espécie de dinossauro, têm sido dificilmente comportáveis para os países membros, e vai piorar com a presumivell debandada dos americanos. É ilusório pretender manter um ninho de cucos, onde os europeus seriam chamados a alimentar bastardos, e a morte anunciada da NATO será inevitável a curto ou médio termo, e discordo do Sr “general português”. A culpa não é do Trump.