Os asteróides já foram responsáveis, possivelmente, pela extinção de mais espécies do que quase qualquer outro tipo de desastre desde o início da vida na Terra.
O mais famoso destes, o impactor Chicxulub, exterminou os dinossauros há cerca de 65 milhões de anos, juntamente com 76% de todas as espécies do planeta naquele período.
No entanto, essa não foi, de forma alguma, a pior catástrofe; tanto quanto podemos dizer, nem sequer foi o maior asteroide. Esse título atualmente pertence à cratera Vredefort na África do Sul. Com mais de 300 quilómetros de largura, é a maior cratera de asteróide encontrada até agora, pelo menos quando foi formada há cerca de dois mil milhões de anos.
Mas isso pode estar prestes a mudar, se uma teoria de Andrew Glikson e Tony Yeates da Universidade de New South Wales estiver correta. Os cientistas encontraram o que acreditam ser a maior cratera de impacto na Terra na sua própria província australiana de New South Wales e pensam que poderá ter causado um dos outros cinco grandes eventos de extinção.
Os cientistas nomearam a cratera, que estimam ter cerca de 520 quilómetros de tamanho, estrutura Deniliquin. Como escala e termo de comparação, a distância entre Porto e Faro é de cerca de 550 quilómetros. Investigar uma estrutura tão vasta é uma tarefa difícil, e torna-se ainda mais complicado quanto mais antiga for.
Glikson e Yeates estimam que a estrutura Denliquin tenha cerca de 445 milhões de anos. É muito tempo para a erosão, sedimentação e atividade tectónica afetarem qualquer estrutura na Terra, independentemente do seu tamanho. Contudo, existem algumas pistas reveladoras que os investigadores podem encontrar para indicar a dimensão desta cratera de impacto.
Primeiro, há uma avaliação dos dados geofísicos da região. As atualizações destes dados, que culminaram em 2020, apontam para uma estrutura com um domo definido de um evento sísmico de cerca de 520 km de largura. Outras evidências magnéticas abundam, como “falhas radiais” que apontam para o que se pensa ser o centro da estrutura de impacto. E existem algumas irregularidades magnéticas que poderiam ter sido causadas pelo magma em movimento mais próximo da superfície após o impacto.
Se realmente existir, teria sido criada por um impacto de proporções épicas. Os autores de um novo artigo sobre a cratera sugerem um momento específico na história há 445 milhões de anos, que coincide com o evento geológico chamado fase de glaciação Hirnantian, que fez parte da primeira das cinco grandes extinções – a extinção do Fim do Ordoviciano.
O fim do período Ordoviciano foi causado por um arrefecimento global massivo, o que provocou grandes alterações na química dos oceanos e outros problemas. Um total de 86% de todas as espécies na Terra desapareceu durante este período, sendo o segundo mais catastrófico de todos os eventos de extinção (após o que acabou com o Permiano há 250 milhões de anos).
Muitos processos geológicos podem causar o arrefecimento global, mas um dos mais dramáticos é o impacto de um asteróide, que lança detritos para a atmosfera superior que bloqueiam o Sol. Um impacto tão grande quanto o que criou a estrutura Deniliquin foi certamente suficientemente grande para fazer exatamente isso.
Portanto, esta imensa cratera poderia ser uma pista de como um asteróide diferente causou outra catástrofe global? Talvez, mas para obter uma melhor datação de quando o impacto ocorreu, os investigadores precisarão de recolher amostras do núcleo magnético da cratera de impacto.
Atualmente, não existem planos para o fazer, mas se a teoria ganhar atenção suficiente, certamente haverá algum multimilionário disposto a financiar um esforço para investigar a maior cratera de impacto do mundo – e descobrir se foi responsável por um dos eventos mais mortais na história da Terra.
ZAP // Universe Today