A Lua pode ter tido anéis como Saturno

ZAP // DALLE-2

Um novo estudo sugere que, no passado, as luas do sistema solar (como a nossa) podem ter tido anéis. Esta nova descoberta aprofunda o mistério da razão pela qual não existem atualmente luas com anéis.

Atualmente, nenhuma das luas do nosso sistema solar tem anéis.

No entanto, um estudo publicado recentemente na Astronomy and Astrophysics indica que, quando criados, esses anéis poderiam permanecer estáveis durante um milhão de anos, mesmo sendo gravitacionalmente puxados por outros objetos do sistema solar.

Como escreve a Live Science, “os anéis rodeiam muitos membros da nossa família planetária”. Saturno talvez seja o exemplo mais conhecido, envolto em oito anéis principais feitos de milhares de anéis mais pequenos.

Compostos por pedaços de gelo e rochas de tamanhos variados, estes sistemas de anéis são mantidos por pequenas luas pastoras, cujas forças gravitacionais puxam os pedaços e alteram as suas posições.

Estudos mais recentes, utilizando telescópios terrestres, revelaram anéis que envolvem vários centauros – asteróides para lá da órbita de Júpiter – e planetas menores, incluindo o Haumea, em forma de ovo.

Até a Terra e Marte poderão ter tido anéis. No entanto, até à data, nenhum estudo identificou definitivamente anéis em torno de qualquer uma das cerca de 300 luas do sistema solar.

Caça aos anéis lunares desaparecidos

Estas observações levaram Mario Sucerquia, um astrofísico da Universidade Grenoble Alpes da França, e colegas a investigar se os anéis lunares poderiam ser estáveis.

Um estudo de 2022, do qual Sucerquia já tinha sido coautor, concluiu que, teoricamente, as luas isoladas poderiam ter anéis estáveis à sua volta. Mas esse estudo não teve em conta os efeitos gravitacionais de outras luas e planetas.

Para investigar melhor o fenómeno, neste novo estudo, Sucerquia selecionou cinco conjuntos de luas esféricas e os seus planetas vizinhos, incluindo a Terra e a Lua.

Para cada conjunto, a equipa adicionou anéis a todos os satélites, simulando depois o comportamento dos anéis ao longo de um milhão de anos, enquanto eram puxados gravitacionalmente pela lua-mãe, por outras luas próximas e pelo planeta.

Os investigadores também calcularam a forma caótica como as partículas dos anéis se moveram ao longo de um milénio, para determinar a estabilidade dos anéis.

Os investigadores descobriram que a lua da Terra tinha 95% de hipóteses de suportar um sistema de anéis estável nas simulações.

“Não prevíamos que as luas num ambiente gravitacional hostil, com muitas outras luas e planetas a perturbar os seus anéis, mantivessem a estabilidade”, assumiu Sucerquia, à Live Science.

Em vez disso, “estes ambientes hostis, em vez de destruírem os anéis, dotaram-nos de grande beleza, criando estruturas como fendas e ondas, semelhantes às observadas nos anéis de Saturno”, enalteceu o investigador.

Para onde foram os anéis?

Os autores sugerem que fatores não gravitacionais, incluindo a radiação solar e as partículas carregadas dos campos magnéticos dos planetas progenitores das luas, causaram a desintegração dos anéis anteriores.

Matthew Tiscareno, cientista planetário do Instituto SETI na Califórnia, que não esteve envolvido no estudo, disse à Live Science que, a longo prazo, os anéis terão, provavelmente, sido quebrados pela atração gravitacional das próprias luas-mãe.

“Uma vez que a maioria das luas do sistema solar gira muito lentamente (mantendo a mesma face em direção ao seu planeta enquanto orbitam, tal como a nossa lua faz em relação à Terra), quaisquer partículas dos anéis devem estar a orbitar a lua muito mais rapidamente do que a lua gira”, afirmou.

Por isso, os puxões gravitacionais das luas progenitoras, durante longos períodos de tempo, “fariam com que as órbitas das partículas dos anéis decaíssem até acabarem por colidir com a superfície da lua”, defendeu. Ou seja, se a nossa lua alguma vez teve anéis, eles chocaram com a superfície lunar há muito tempo.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.