Esqueça o frigorífico ligado da General Electric. A importância da Internet das Coisas vai muito para além de lembrar as pessoas de comprar o leite.
O CEO da Ampersand Mobile, Nader Alaghband, diz que há tecnologias IoT – Internet das Coisas – muito mais impressionantes do que os frigoríficos.
De florestas experimentais a colmeias inteligentes, cientistas e técnicos em todo mundo estão a desenvolver projectos pioneiros para examinar as mudanças climáticas, salvar abelhas da extinção e até mesmo salvar a própria humanidade.
A Internet das Coisas está na linha da frente em muitos projectos e tem um papel fundamental no seu progresso.
A Universidade de Harvard, por exemplo, ligou uma floresta inteira de Massachusetts com milhares de sensores IoT para detetar em tempo real mudanças e padrões nas alterações climáticas globais.
Harvard recolhe informação nesse local desde 1907, ano em que adquiriu o terreno. Até recentemente, contudo, as tecnologias utilizadas levantavam vários problemas, desde relâmpagos e animais que comiam os cabos até à falta de acesso a redes Wi-Fi.
A verdadeira vantagem da IoT é a capacidade para criar uma rede híbrida que não depende de uma só tecnologia, mas que combina sensores, frequências e pontos de acesso para combater de forma inteligente estes problemas.
Em vez de colocarem cabos por toda a floresta, os cientistas construíram cinco torres que comunicam via ligações de rádio de 5.8 gigahertz capazes de processar altas taxas de dados.
Para evitar que a folhagem interfira com o sinal, são utilizados rádios de 900 megahertz para transmitir através de folhas e ramos. E, sem dúvida, o maior avanço está na recolha de dados.
O desenvolvimento da IoT permitiu que os cientistas não tivessem de andar pela floresta a recolher dados a cada momento; agora são fornecidos milhões de informações todos os dias. E tudo a um baixo custo.
Mas o que estão os cientistas a mediar exatamente?
Originalmente o local era apenas usado para monotorizar as árvores e vegetação, mas desde que a Harvard Forest se tornou um Local de Pesquisa Ecológica de Longo-Prazo, em 1998, que têm estudado o inteiro ecossistema, como solo, riachos, insectos e até mesmo o ar.
Assim, a fenologia tem-se tornado a missão principal da Harvard Forest, isto é, estudar os ciclos da natureza. É construída sobre a premissa de que tudo no mundo natural está inextricavelmente interligado, sendo que até mesmo os mais pequenos microorganismos podem mudar o destino de um carvalho.
Finalmente, ao compreenderem e desmistificarem estas ligações, os cientistas vão conseguir prever o que vai acontecer nesta parte do mundo à medida que o planeta aquece.
Cada sítio experimental na floresta tem diferentes sensores e dispositivos associados, desde sensores que monotorizam o fluxo da seiva das árvores a sensores atmosféricos que medem o ar e sensores acústicos Raspberry-Pi para animais e insectos.
O conhecimento adquirido com esta rede já está a revelar descobertas fundamentais sobre a natureza, os seus processos biológicos e como têm mudado ao longo dos últimos 25 anos.
Com este conhecimento e o estudo que está a decorrer, os cientistas estão a caminho de formular estratégias para combater os efeitos mais nefastos das alterações climáticas em todo o mundo.