Cientistas do Serviço Geológico dos EUA concluíram que a atracção gravitacional da Lua e do Sol pode causar terramotos de baixa frequência na Falha de Santo André, o que permite prever grandes sismos.
A eterna dança gravitacional entre o Sol e a Lua não causa apenas as marés e, alegadamente, oscilações do humor das pessoas.
Segundo um estudo de um grupo de geofísicos da U.S. Geological Survey, as interacções gravitacionais entre o Sol e a Lua podem provocar também terramotos.
A conhecida Falha de Santo André, que se estende ao longo de quase 1.300 quilómetros pela costa da Califórnia, é uma formação geológica localizada entre duas placas tectónicas, cuja deslocação pode potenciar a ocorrência de terramotos de grande magnitude.
A falha acumula a tensão criada pelo movimento dessas placas ao longo do tempo e, eventualmente, o seu deslizamento provoca atrito.
A última vez que tal aconteceu foi em 1906, provocando o famigerado terramoto de São Francisco, que causou mais de 300 mil feridos e desalojados na costa ocidental norte-americana.
Segundo os autores do estudo, publicado esta segunda-feira nos Proceedings of the National Academy of Sciences, alguns destes tremores de terra parecem ser desencadeados por forças gravitacionais que “comprimem e esticam” a crosta da Terra.
“Os tremores são mais intensos durante as duas semanas da Lua Crescente“, explica ao L.A.Times o autor principal do estudo, Nicholas van der Elst.
“Quando a força gravitacional da Lua está a puxar na mesma direcção em que a falha está a deslizar, a falha desliza mais rapidamente”, diz van der Elst.
“É uma loucura, não é?”, comenta.
“O que o nosso estudo mostra é que a Falha de Santo André é muito fraca, muito mais do que esperávamos”, acrescenta o investigador, “se considerarmos que há 32 quilómetros de rocha em cima dela.
Estes terramotos de baixa frequência, aparentemente influenciados pelas forças gravitacionais, foram identificadas peloa primeira vez há 10 anos, na região de Parkfield, na Califórnia.
O epicentro destes sismos ocorre geralmente abaixo da superfície terrestre, e os seus abalos repercutem-se para outras regiões.
“É por isso que esta informação pode ser muito útil, para prever a ocorrência de possíveis abalos sísmicos” em noutros locais, explica o sismólogo David Shelly, co-autor do estudo.
Segundo os investigadores, as marés mais fortes ocorrem quando o Sol e a Lua estão alinhados, e as mais fracas quando estão a 90°.
São estas mesmas forças que esticam e comprimem a crosta terrestre – embora com um efeito muito menos notório.
Excepto, claro, quando sentimos a terra a tremer-nos debaixo dos pés.
AJB, ZAP / ABr