Filip Singer / EPA

O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz
Merz quer criar o exército convencional mais forte da Europa. Empresas de defesa já estão a reativar linhas de produção que estavam inativas há muito tempo, mas o plano enfrenta um problema incontornável: a dependência de matérias-primas provenientes da China.
A Alemanha ambiciona tornar-se a principal potência militar da Europa, mas as suas aspirações estão ensombradas por uma vulnerabilidade crítica: a dependência de matérias-primas provenientes da China, essenciais para a tecnologia de defesa moderna.
O plano do país, promovido pelo novo chanceler do país, o político conservador Friedrich Merz, prevê a criação do “exército convencional mais forte da Europa”, apoiado por gastos de defesa sem precedentes que poderão ascender a centenas de milhares de milhões de euros até 2029.
As encomendas de tanques, mísseis e munições já estão a aumentar, com empresas de defesa alemãs a reativar linhas de produção que estavam inativas há muito tempo.
No entanto, a base deste rearmamento é frágil, conta o Politico. Muitos sistemas militares avançados dependem de elementos raros, como neodímio e disprósio, bem como de tungsténio, titânio, grafite e magnésio de alta pureza.
Estes materiais alimentam radares, sistemas de orientação de mísseis, miras térmicas e motores de drones, mas a maior parte é processada na China.
Segundo a Federação das Indústrias Alemãs (BDI), a UE importa 95% das suas matérias-primas estratégicas, sendo 90% provenientes de países fora da UE.
A China domina o processamento global de muitos destes minerais, controlando mais de metade do mercado em geral e até 86% em metais críticos para a defesa, como o gálio e o germânio. Os riscos de interrupção do abastecimento são particularmente elevados para armamento avançado.
Os aviões Eurofighter, por exemplo, necessitam de titânio para as fuselagens e de metais resistentes ao calor para os motores, enquanto os projéteis de tanques da Rheinmetall dependem de núcleos de tungsténio.
A China já restringiu anteriormente a exportação de materiais críticos para o Ocidente, causando atrasos na produção e aumentos de preços.
Os especialistas alertam que, mesmo que as exportações atuais se mantenham, a dependência estrutural persiste em toda a Europa e nos EUA, deixando as indústrias de defesa vulneráveis.
Enquanto Washington criou leis e reservas para proteger as suas cadeias de abastecimento nacionais, Bruxelas adotou uma abordagem mais flexível.
A Lei da UE sobre Matérias-Primas Críticas define metas, mas baseia-se na coordenação voluntária entre os Estados-membros, sem um mecanismo central de aplicação. Os legisladores alemães argumentam cada vez mais que esta abordagem é insuficiente para a segurança nacional.
Vanessa Zobel, deputada da CDU no Bundestag, sublinha que a dependência da Alemanha de matérias-primas importadas ameaça a credibilidade militar do país, e defende a criação de reservas nacionais, ao mesmo tempo que propõe reativar a exploração doméstica de lítio e outros minerais, para garantir resiliência a longo prazo.
“Sem cadeias de abastecimento seguras, não pode haver dissuasão militar credível”, diz Zobel, realçando que a verdadeira preparação estratégica exige soluções estruturais, e não apenas temporárias.
O desafio da Alemanha é, portanto, simultaneamente industrial e geopolítico. As suas ambições de liderança militar na Europa dependem não só de gastos sem precedentes e modernização, mas também da garantia de acesso a matérias-primas críticas.
Os especialistas alertam que, sem estratégias nacionais decisivas, as ambições de defesa do país poderão continuar vulneráveis a pressões externas, em particular particularmente da China — evidenciando uma intersecção crescente entre economia, segurança e política global.
“centenas de mil milhões”? Suponho que queiram dizer centenas de milhar de milhões…certo?
Caro leitor,
Obrigado pelo reparo, está corrigido.
Concordo em TODA a linha com a posição do governo Alemão.
Para já temos França e Alemanha acordados. Vamos ver quem se segue.
Oops! “Heil, mein Furer”…..
Onde é que eu já vi isto ????
Pois, não vi porque ainda não tinha nascido, mas fica a ideia.
Nos tempos em que os bons eram maus, e os maus eram bons.
Em que os judeus eram bons e agora são maus, and so on…
Com a ascensao dos neonazis da Afd… bonito, bonito… vao tentar recuperar partes da Franca, Polonia, …
A Alemanha não pode ter um exercito forte. O Nazismo surgiu naquele país por algum motivo. Eles sempre tiveram e continuam a ter um complexo de superioridade perante os restantes países Europeus principalmente os do Sul. Isto vai ser outra vez um desastre. A longo prazo e com um exercito forte a Alemanha vai tentar impor pela força a sua vontade na Europa. Já o fez durante a troika pela via económica, no futuro vai ser pela via militar.