O Benfica, a par de vários clubes europeus, cedeu direitos de televisão e da venda de jogadores de cobrança futura a um Fundo que foi vendido a vários investidores internacionais na bolsa de Nova Iorque, na famosa Wall Street.
Está em causa um Fundo de Titularização, uma “ferramenta” financeira que emite dívida que é garantida por um activo (neste caso, os direitos de televisão, de transferência de jogadores e de bilheteira).
O Benfica disponibilizou a estes investidores receitas futuras, recebendo em troca capital imediato, apurou o jornal Expansión, que conclui que “a engenharia financeira chegou ao futebol“.
“As equipas cederam direitos de televisão e direitos de cobrança de transferências de jogadores e captaram um total de 72,99 milhões de dólares (cerca de 67,32 milhões de euros)“, refere a publicação.
As obrigações de dívida emitidas têm garantias de rentabilidade de 3,73%, de acordo com o mesmo jornal, o que é um indicador muito apelativo para os investidores.
Para os clubes é uma solução que permite um financiamento imediato, mas que pode revelar-se arriscada no longo prazo, já que se trata de “uma antecipação de receitas“, conforme explica o especialista em economia Camilo Lourenço no jornal O Jogo.
“Os clubes cedem direitos futuros a um fundo e este emite títulos para venda aos investidores. Assim, pagando uma taxa de 3,73%, os clubes recebem de imediato as verbas que iriam receber no futuro, seja em direitos televisivos ou venda de jogadores, por exemplo, ficando o fundo com os créditos devidos”, nota Camilo Lourenço.
Além do Benfica, também o Atlético de Madrid, bem como outras equipas das Ligas Inglesa e Alemã, terão entrado neste Fundo de Titularização denominado “XXIII Capital Financing 1” e lançado pela empresa XXIII Capital Limited, com sede em Londres e sem administradores conhecidos.
Há poucos dias, esta empresa apareceu associada ao Benfica e à transferência de Bernardo Silva do clube da Luz para o Mónaco, consumada em Janeiro de 2015 por 15,7 milhões de euros, a ser pagos em três prestações.
Quando o site Fooball Leaks revelou que o Mónaco pagou a primeira fatia do pagamento acordado, em Julho de 2015, à XXIII Capital Limited e não ao Benfica, estalou a polémica.
O Benfica veio entretanto, esclarecer que está em causa uma “operação financeira” em moldes um pouco diferentes deste Fundo de Titularização agora noticiado.
A SAD encarnada diz que cedeu “por antecipação a totalidade dos créditos” da transferência de Bernardo Silva à XXIII Capital Limited, recebendo assim imediatamente a totalidade do valor acordado com o Mónaco.
É um processo financeiro conhecido como factoring, que permite às empresas a antecipação dos pagamentos que tenham a receber.
SV, ZAP