O vice-presidente do CDS e eurodeputado Nuno Melo acusou esta quinta-feira o secretário-geral do PS, António Costa, de encontrar no acolhimento aos refugiados “um pretexto para o combate à desertificação”.
No jantar-debate sobre o futuro da Europa, que abriu a Escola de Quadros do CDS-PP, em Ofir, o vice-presidente do PSD e ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, sublinhou, por seu turno, que não se deve associar à responsabilidade de acolhimento de refugiados uma “oportunidade económica”.
“O que também não pode acontecer é a propósito desta crise humanitária, como disse o secretário-geral do PS, é nisso encontrar um pretexto para o combate à desertificação, porque isso é que também não lembra a ninguém”, afirmou Nuno Melo.
Para o vice-presidente do CDS e eurodeputado, “nem tudo pode ser instrumental e nem sequer numa campanha pode valer tudo para se tentar conseguir alguns votos”.
“Se entendemos que quem venha deve ser acolhido com humanismo não podemos ver nessas pessoas um pretexto para resolver um problema”, disse.
Esta terça-feira, o secretário-geral do PS considerou fundamental a existência de uma política comum europeia de asilo e defendeu que Portugal tem o dever e a capacidade de assumir uma posição “pró-ativa” no acolhimento de refugiados.
“Não é um problema. É antes uma oportunidade”, disse o António Costa, já depois de se referir genericamente a questões nacionais como a desertificação de vastas zonas do interior do país e à evolução demográfica, durante a sessão de live streaming pelo Facebook.
Segundo Nuno Melo, “a Europa que se diz feita de coesão e de solidariedade, e é esse o seu impulso criador, nunca será coesa nem solidária se permitir crianças de qualquer parte do mundo morrerem nas suas praias”.
“Não nos podemos apenas comover. Temos de ser capazes de fazer alguma coisa, o que não significa que não sejamos capazes de distinguir o que tem de ser distinguido”, afirmou, para introduzir um princípio de “humanismo na entrada e rigor na integração”.
Para Nuno Melo, a Europa tem de ser capaz de distinguir quem a procura: “Aqueles que procuram o nosso espaço comum porque procuram uma oportunidade de trabalho, aqueles que procuram o nosso espaço comum porque fogem a essas guerras, porque fogem à fome, porque querem salvaguardar a sua vida e a vida dos seus familiares, e aqueles que sob pretexto disso se querem infiltrar na dita Europa fortaleza para cometer atentados”, afirmou.
“Esta diferença tem de ser feita e tem de ser feita à entrada. O que não podemos é argumentar com medo para, em cima dele, não nos permitirmos fazer aquilo que temos de fazer, e temos de fazer por razão de humanismo, por razão de solidariedade, por razão de coesão, não é com os europeus, é com o próximo”, sustentou.
“Não é uma avaliação de mérito económico”
O vice-presidente do PSD Jorge Moreira da Silva defendeu que o que está em causa na crise dos refugiados “não é uma avaliação de mérito económico, de oportunidade económica do acolhimento, o que está em causa é saber se a Europa da paz, a Europa dos cidadãos, que conseguiu durante estes 50 anos reforçar estes princípios, está ou não à altura das suas responsabilidades”.
Moreira da Silva defendeu “uma solução assente numa visão humanista, personalistas, universalista”, defendendo que “a União Europeia tem de estar à altura dos seus princípios, dos seus pergaminhos, daquilo que há tantos anos apregoa”.
O vice social-democrata disse esperar que “este continue a ser um tema da ordem do dia e que não seja um tema de clivagem interno, seja um tema de conjugação de esforços na frente europeia e na frente da discussão política em Portugal”.
“Eu tenho confiança, como cidadão europeu e português, de que isso acontecerá, e tenho noção de que Portugal fará e está a fazer a sua parte e de que Portugal tem mesmo assumido disponibilidade para ir mais longe”, afirmou.
/Lusa