O papa Francisco enviou esta sexta-feira a sua bênção a Francesca Pardi, autora lésbica e editora de livros infantis sobre homoparentalidade em Itália, criticados por alguns católicos. O Vaticano sublinhou tratar-se de uma mensagem privada, que não punha em causa a doutrina da Igreja de condenação da “teoria do género”.
Mãe de quatro crianças, Francesca Pardi fundou com a companheira uma pequena editora, “Lo Stampatello”, que publicou várias obras onde são apresentados diferentes tipos de famílias “sem impor um modelo”, disse.
O novo presidente da câmara de Veneza, Luigi Brugnaro, de centro-direita, proibiu estes livros nas escolas da cidade, desencadeando fortes reações em Itália e no estrangeiro.
Em junho, Pardi enviou ao papa uma carta e todos os livros do catálogo da editora, fotografias da sua família, mas também declarações difamadoras de uma organização cristã, sobretudo para dar a conhecer estes ataques a Francisco.
A resposta, assinada com o nome do papa, foi enviada por um responsável da secretatia de Estado do Vaticano e agradecia “o gesto delicado” e enviava a habitual benção apostólica a Pardi, sócia e familiares.
O Vaticano esclareceu que a carta, “num estilo simples e pastoral”, e que devia manter-se privada, desejava às duas editoras “uma atividade sempre frutuosa ao serviço das gerações mais jovens e da difusão de autênticos valores humanos e cristãos”.
Pardi afirmou que a carta “transmitiu respeito e dignidade”.
“Para mim, não é importante que tenha sido pelo papa, não sou católica. Mas é importante saber que não se está perante um muro. O diálogo é possível”, sublinhou.
“Os livros são para trabalhar, ler e criticar, não para serem proibidos”, insistiu a editora.
/Lusa