O porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI) Gerry Rice afirmou esta quinta-feira que persistem divergências importantes entre a Grécia e os credores internacionais e que um acordo ainda está longe.
“Ainda há divergências importantes entre nós em setores essenciais e recentemente não houve progressos para colmatar essas divergências. Ainda estamos longe de um acordo”, afirmou Rice em conferência de imprensa, acrescentando que as autoridades gregas estão a preparar novas propostas.
O porta-voz indicou que o FMI “nunca deixa a mesa de negociações”, mas que a “bola está agora do lado grego”.
Segundo Rice, as principais divergências dizem respeito à reforma do sistema de pensões, aos impostos e ao financiamento da despesa pública.
Para o porta-voz do FMI, a atual organização do sistema de pensões “é insustentável” e é preciso alargar a base tributária se a Grécia quiser recuperar as suas finanças públicas.
Estas declarações surgem numa altura em que os negociadores gregos e os representantes dos credores (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) tentam chegar a acordo para evitar que a Grécia fique em incumprimento no final do mês.
Tsipras admite divergências entre Atenas e Bruxelas
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, admitiu hoje, em Bruxelas, à saída de um novo encontro com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que subsistem “divergências” entre as partes, designadamente no plano orçamental e financeiro.
Em declarações à saída de uma nova reunião com Juncker – a segunda no espaço de dois dias, à margem da Cimeira UE-Celac (América Latina) celebrada na capital belga -, Tsipras disse que as partes continuam a trabalhar para superar as “divergências” ainda existentes, “em particular no plano orçamental e financeiro”, de modo a alcançar um acordo entre Atenas e os credores internacionais.
Fonte comunitária indicou, por seu lado, que a reunião, de cerca de duas horas, foi “construtiva”, e adiantou que Juncker e Tsipras manter-se-ão “em contacto próximo ao longo dos próximos dias”.
O novo encontro bilateral de hoje teve lugar imediatamente após a cimeira UE-Celac, finda a qual o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, comentou, na conferência de imprensa, que é tempo de acabar com “os jogos”.
Apontando que, até agora, tem sido “discreto, moderado e neutro”, Tusk disse ser tempo de tomar “decisões” e opinou que cabe ao governo grego ser “um pouco mais realista” para conseguir um acordo com os seus parceiros.
Tusk sustentou que o próximo Eurogrupo (reunião dos ministros das Finanças da zona euro, agendada para 18 de junho no Luxemburgo) deve ser decisivo, porque “não há mais tempo”, e é necessário terminar o “jogo” a que se tem assistido nos últimos meses, com constantes avanços e recuos nas negociações entre Atenas e os seus credores em torno da aplicação de um programa de reformas por parte da Grécia que permita o desembolso da ajuda financeira.
Pouco antes, na conferência de imprensa diária do executivo comunitário, o porta-voz da Comissão, Margaritis Schinas, referira que a reunião de quarta-feira entre Juncker e Tsipras serviu para ambos “restabeleceram a sua relação pessoal”, que tinha arrefecido há exatamente uma semana, depois de uma sessão negocial no dia 03 de junho sobre a procura de uma solução para o país, à beira do incumprimento.
Em causa continua a estar um acordo entre Atenas e os seus credores internacionais em torno das reformas com as quais o governo de Tsipras se deve comprometer para ter direito ao desembolso de 7,2 mil milhões de euros, uma parcela da assistência financeira suspensa há meses.
/Lusa