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Cinemas: Arrábida Shopping deve fechar salas; é o maior complexo do país

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Nuno Veiga / LUSA

Média de 19 pessoas por sessão ao longo do ano passado. Portugal regista uma evidente oferta assimétrica de salas de cinema.

O Arrábida Shopping, em Vila Nova de Gaia, foi autorizado a desafetar a atividade cinematográfica em nove das 20 salas do centro comercial, por questões de “viabilidade económica”, disse à Lusa fonte da Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC).

No Arrábida Shopping funciona o maior complexo de salas de cinema do país, com vinte ecrãs, mas os proprietários do centro comercial pediram este ano a desafetação de nove salas, ficando a funcionar as restantes onze.

O pedido, que já foi autorizado pelo Ministério da Cultura, “assenta no facto de o atual número de salas de cinema não oferecer viabilidade económica, em relação ao número de espectadores e oferta cinematográfica comercial para as mesmas, não se justificando o seu atual funcionamento, com uma oferta tão desproporcionada face à procura”, refere a IGAC.

Este ‘multiplex’ em Gaia, com mais de 4.000 lugares, é gerido pela UCI Cinemas, a terceira maior exibidora de cinema em Portugal em número de salas, que não respondeu ao pedido de esclarecimento da agência Lusa sobre um eventual plano e calendário de reformulação das salas.

Contactado pela Lusa, o grupo empresarial Sonae Sierra, que detém o Arrábida Shopping e outros centros comerciais no país com exibição de cinema, também não adiantou detalhes sobre uma possível reformulação de salas.

De acordo com o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), que colige dados estatísticos da exibição cinematográfica, as vinte salas de cinema do Arrábida Shopping somaram 460.533 espectadores em 2024, com uma média de 19 pessoas por sessão. Em 2019, antes da pandemia da covid-19, aquelas vinte salas de cinema acolheram 830.656 espectadores, quase o dobro dos valores de 2024.

Outros casos

De acordo com a IGAC, este ano também foram feitos pedidos de desafetação de outras salas de cinema em centros comerciais em Viana do Castelo e em Braga, que pertencem à Sonae Sierra.

Os distritos de Beja, Bragança e Portalegre não têm exibição comercial regular diversificada e diária de cinema, e dependem de equipamentos de gestão autárquica para passarem filmes.

De acordo com o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), em 2024 e no primeiro semestre de 2025, aqueles três distritos apresentavam os mais baixos níveis de audiência do país e a menos diversificada oferta de cinema à população.

A sala de cinema Melius Beja, a única de exibição comercial em todo este distrito alentejano, está fechada para remodelação, sem data de reabertura e com o exibidor a manifestar-se desanimado com o negócio, como contou à agência Lusa.

A sala de cinema encerrou a 1 de agosto, depois de uma ação de fiscalização pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC), e a remodelação implica, pelo menos, renovação do piso, de cerca de 200 cadeiras e do sistema de alarme.

Passaram 13 anos desde que fecharam as três salas de cinema existentes em Bragança, por falta de procura, com sessões resumidas a meia dúzia de espectadores, e os espaços acabaram transformados em lojas, confirmado o desinteresse de exibidores.

Desde então, a única exibição de filmes resume-se à programação do Auditório Municipal Paulo Quintela, um “esforço enorme” da autarquia, para manter viva a atividade cinematográfica na cidade capital de distrito.

Noutros concelhos do distrito de Bragança, como Mogadouro, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta, Vimioso, Miranda do Douro ou Vila Flor, são também as autarquias que investem na exibição. Por vezes, há mesmo casa cheia, com Mogadouro a apresentar sempre filmes atuais e “uma sala arranjadinha de espectadores”.

Em Portalegre, a oferta de cinema é do Centro de Artes e Espetáculos que, em 2024, acolheu 109 sessões e 5.022 espectadores.

No panorama nacional, a rede de exibição comercial, com sessões regulares diárias asseguradas por operadores privados, é liderada pela Nos Lusomundo Cinemas, com 218 salas, seguida da Cineplace (67 salas) e da UCI Cinemas (com 42 salas).

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Exibam menos porcaria, Ou pelo menos limitem o fartote de histórias sem nexo, cheias de efeitos especiais e emoção tipo mastiga e cuspe. Voltem a fazer filmes de qualidade, e talvez as pessoas voltem ás salas de cinema.

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