Crianças em frente ao ecrã: um 321 ameaçador

Entre os 6 e os 10 anos, as crianças portuguesas ficam 3h21m por dia em frente a um ecrã – deveria ser praticamente metade.

A Sociedade Portuguesa de Pediatria considera que os limites seguros de exposições a ecrãs, para crianças, são: dos 2 aos 5 anos o máximo seria 1h por dia, sempre com supervisão; dos 6 aos 10 anos, até 2h/dia.

Mas não é isso que está a acontecer em Portugal: dos 3 aos 5 anos, as crianças passam em média 2h34 por dia em frente a um ecrã; dos 6 aos 10 anos a média aumenta para 3h21 por dia.

A Saluslive avisa que a maioria das crianças portuguesas já ultrapassa largamente os limites considerados seguros.

A empresa focada em intervenção pediátrica reforça que há diversos problemas associados a esta exposição exagerada: ansiedade, depressão, défice de atenção e risco de dependência digital.

A nível social, de relações, também costuma originar isolamento, dificuldades de comunicação e menor capacidade de empatia e cooperação.

E ainda: promove sedentarismo, obesidade, distúrbios do sono, problemas de visão e de postura.

“Daqui a 5 ou 10 anos…”

As consequências do tempo passado em frente ao ecrã são ainda mais visíveis quando esse tempo substitui a brincadeira, o convívio familiar e o sono adequado.

“Estamos a assistir ao crescimento de uma geração menos sociável e com maiores dificuldades emocionais. Se nada mudar, daqui a 5 ou 10 anos veremos jovens com mais problemas de saúde mental, menor capacidade de adaptação escolar e profissional e com doenças físicas crónicas associadas ao sedentarismo e ao mau uso da tecnologia”, alerta Raquel Cunha, diretora clínica da SalusLive.

“Estamos a falar de jovens menos preparados para cooperar, liderar, gerir frustrações ou resolver conflitos. A médio prazo, isso terá reflexos não apenas individuais, mas também sociais e económicos”, acrescenta Raquel Cunha.

Sequelas por idades

Em comunicado enviado ao ZAP, a SalusLive sublinha as sequelas em diversas fases mais vulneráveis.

0–2 anos: o uso de ecrãs pode prejudicar seriamente a linguagem, o vínculo afetivo e o sono — motivo pelo qual é totalmente desaconselhado.

2–5 anos: afeta a atenção, a autorregulação emocional e substitui brincadeiras fundamentais.

6–10 anos: interfere na aprendizagem, no sono e nas relações sociais.

Maiores de 11 anos: aumenta o risco de ansiedade, depressão e dependência digital, sobretudo pelo uso intensivo das redes sociais.

Sugestões

Os pais devem criar zonas sem ecrãs em casa, negociar regras em conjunto e propor alternativas offline – entre jogos de tabuleiro, atividades ao ar livre, ou leitura partilhada.

As escolas devem criar regras para limitar o uso de telemóveis nos intervalos, garantindo que esse tempo é dedicado à socialização, ao movimento e ao descanso digital.

ZAP //

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