A nossa evolução é frequentemente exemplificada por dois traços: cérebros grandes e mãos hábeis. Juntos, criaram ferramentas e culturas complexas, que nos permitiram adaptar e viver em ambientes muito diferentes.
Os “cérebros grandes” e as “mãos altamente hábeis” terão evoluído em conjunto, cada um influenciando o desenvolvimento do outro.
É o que teoriza um estudo publicado no final de agosto na Communications Biology.
A ideia é convincente: à medida que os nossos antepassados começaram a manipular objetos com precisão crescente, as exigências cognitivas do uso de ferramentas e da coordenação social podem ter impulsionado a expansão dos seus cérebros. Inversamente, um cérebro em crescimento poderia ter permitido um uso mais sofisticado das mãos.
O novo estudo lança luz sobre como a destreza humana e a inteligência podem ter evoluído em conjunto.Foram analisadas 94 espécies de primatas, usando uma abordagem comparativa filogenética Bayesiana, que o combina história evolutiva com modelação estatística para testar relações entre traços físicos e comportamentais.
Grande “fixe”, grande cérebro
Como detalha a New Atlas, o novo estudo estabeleceu uma ligação consistente entre o tamanho do cérebro e o tamanho do polegar.
Espécies com polegares relativamente mais longos tendiam a ter cérebros maiores. Isto sugere que a destreza manual e a evolução cerebral estão ligadas em toda a linhagem dos primatas, desde lémures até humanos.
A correlação manteve-se mesmo quando os dados humanos foram excluídos, indicando que este padrão não é exclusivo da nossa espécie.
“Sempre soubemos que os nossos grandes cérebros e dedos ágeis nos distinguem, mas agora podemos ver que não evoluíram separadamente”, explicou, à New Altas, a líder da investigação, Joanna Baker.
“À medida que os nossos antepassados se tornaram mais aptos a apanhar e manipular objetos, os seus cérebros tiveram de se adaptar para lidar com estas novas competências. Estas capacidades foram afinadas através de milhões de anos de evolução cerebral”, acrescentou.