Laeng / Nabil / Kitaoka

Uma nova pesquisa indica que as ilusões de ótica não ocorrem só no cérebro e o seu efeito pode também influenciar as respostas automáticas do nosso corpo, como a dilatação das pupilas.
Um novo estudo publicado na Frontiers in Human Neuroscience revelou que uma simples ilusão de ótica pode enganar não só a mente, mas também uma das respostas mais automáticas do corpo: a dilatação e a contração reflexiva das pupilas. O fenómeno, no entanto, não afeta todos de igual forma, deixando os cientistas com novas questões sobre a forma como a percepção molda a fisiologia.
Investigadores da Universidade de Oslo investigaram a chamada ilusão do “buraco em expansão“, uma imagem que apresenta um aglomerado de pontos pretos sobre um fundo branco com um círculo preto nebuloso no centro. Quando as pessoas olham fixamente para o “buraco”, muitas apercebem-se dele como se estivesse a expandir-se para fora, como se estivessem a ser puxadas para dentro de um túnel. A ilusão é tão convincente que faz com que as pupilas de muitos observadores se dilatem, como se estivessem a entrar num espaço mais escuro.
Curiosamente, segundo relata o IFLScience, quando o orifício central foi apresentado a cores em vez de preto, ocorreu o oposto: as pupilas dos participantes contraíram-se, imitando a reação a uma luz mais brilhante.
“O ‘buraco em expansão’ é uma ilusão altamente dinâmica”, explicou o Dr. Bruno Laeng, principal autor do estudo e professor de Psicologia na Universidade de Oslo. “Evoca uma forte impressão de fluxo ótico, como se o observador se estivesse a mover para dentro de um buraco ou túnel”.
Para testar o efeito, a equipa apresentou a ilusão a 50 voluntários com visão normal. Os participantes foram solicitados a avaliar a intensidade da sua perceção enquanto os investigadores registavam os seus movimentos oculares e as respostas pupilares. Aproximadamente 80% dos indivíduos referiram ter visto o efeito de expansão, enquanto cerca de 14% não notaram qualquer movimento. Quando o buraco foi colorido, 20% dos participantes não tinham a certeza se tinham visto o efeito, indica o IFLScience.
Os resultados mostraram uma correlação direta: quanto mais forte um indivíduo avaliava a ilusão, mais as suas pupilas respondiam. Aqueles que não conseguiram ver a expansão não apresentaram qualquer alteração no tamanho da pupila.
Os resultados destacam que os reflexos pupilares não são simplesmente reações mecânicas aos níveis físicos de luz, mas também podem ser impulsionados pela perceção subjetiva. “Os nossos resultados mostram que a dilatação ou contração das pupilas não é um mecanismo de circuito fechado, como uma célula fotoeléctrica que responde apenas à luz”, observou Laeng. “O olho ajusta-se à luz percebida e até imaginada, e não apenas à energia física.”