A residência de um homem rico, uma personalidade importante romana cujo nome é um mistério. E ainda uma casa branca especial.
Há mais de 30 vilas rústicas no Algarve. Nenhuma se compara com Milreu.
Foi no final do século XIX que, graças ao arqueólogo (e escritor) algarvio Estácio da Veiga, se descobriram as ruínas dos tempos do Império Romano – que são monumento nacional desde 1910.
Milreu fica um pouco a norte de Faro, a pouco mais de 10 quilómetros da capital de distrito. A agricultura era importante no local, mas a pesca também era essencial.
O núcleo de edifícios foi ocupado, continuamente, desde o século I até ao século XI d.C..
Escavações de arqueólogos descobriram diversos achados históricos, entre mosaicos com temáticas marinhas, estuque pintado, esculturas e mármores.
Em Milreu há lápides funerárias de escravos junto ao Rio Seco. Não se sabe os nomes das famílias dos seus senhores daquela época.
A casa branca
Em Milreu há também uma bem visível casa branca. A casa rural, um edifício de planta rectangular, foi sendo alterada várias vezes, em fases diferentes.
Era uma moradia até meados do século XX. Uma casa rural imponente, branca, ainda hoje muito arranjada – mas o edifício original é do século XV, assente em estruturas romanas.
Tem torres cilíndricas com frestas para os moradores se defenderem de ataques, noutros tempos.
E as escavações revelaram um subsolo romano – durante quase 500 anos a casa ocultou as suas raízes.
Alguém importante
Milreu teve o seu auge entre os séculos III e IV. Ali viveram famílias de elevado estatuto social e político, que não se ficavam pela vida rural normal; tinham conforto, provavelmente até um dia-a-dia lúdico.
No século IV foi construído um santuário. Uma estrutura religiosa que serviu, mais tarde, como local de culto a cristãos e islâmicos. O templo era o edifício mais alto e mais imponente da vila, do qual hoje restam ruínas.
Uma obra bem elaborada, com artistas de topo, provavelmente.
Assim se assume que Milreu foi o lar de uma importante personalidade romana, que estava ligada à gestão da antiga cidade de Ossónoba (hoje, Faro). Um homem muito rico – que não se sabe o nome.
João Pedro Bernardes, professor na Universidade do Algarve, acrescenta na RTP: “Tinha grandes propriedades, de onde vinha parte do seu rendimento. Tinha lagares de vinho, de azeite, e ainda participaria na pesca e na transformação do peixe”.
A pesca e o comércio do pescado eram as actividades mais rentáveis no local.
O abandono de Milreu começou no século X, depois da queda das abóbadas do tal edifício imponente – que, entretanto, os muçulmanos tinham transformado em cemitério.