Os investidores de Wall Street estavam em suspense desde maio, depois de um registo de compra ter revelado que a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, estava a comprar ações de uma empresa não identificada. Agora, finalmente, sabemos qual era.
De vez em quando, investidores importantes perdem autorização aos reguladores para ocultar certos detalhes das suas operações — uma estratégia que lhes permite construir silenciosamente posições significativas.
É costume dizer-se que o segredo é a alma do negócio; e quando o investidor em causa é Warren Buffett, o mítico “Oráculo de Omaha” que vai reformar-se no fim do ano, as pessoas tendem a estar atentas — e a seguir o seu exemplo.
Se os restantes investidores suspeitam que alguém está a acumular uma posição importante numa empresa, podem apostar também em massa nas mesmas ações — provocando uma subida precoce do preço e encarecendo a tomada de posição do investidor inicial.
Os ativos da Berkshire podem valer mais de 1 bilião de dólares, mas Buffett nunca virou as costas a mais um bom negócio — particularmente, se for uma pechincha.
Assim, desde que em maio a Berkshire registou a compra de 1.8 mil milhões de dólares (cerca de 1.5 mil milhões de euros) em ações de uma empresa não divulgada, Wall Street não tem parado de tentar adivinhar qual foi o alvo de Buffet.
Finalmente, sabemos o que andou Buffet a tramar. Segundo o Business Insider, o guru dos mercados de investimento comprou mais de 5 milhões de ações da empresa de seguros de saúde UnitedHealth — que tinham caído a pique depois de em dezembro o seu CEO, Brian Thompson, ter sido morto quando se preparava para entrar na conferência anual de investidores da empresa.
A empresa de seguros de saúde enfrentou também, nos últimos meses, um aumento inesperado dos custos médicos, causado pela Guerra das Tarifas de Donald Trump, que afetou o valor em bolsa da maior parte das farmacêuticas. Em abril, falhou as previsões de lucro pela primeira vez em mais de uma década.
Poucos anteciparam o movimento da Berkshire. Talvez houvesse sinais que, como acontece frequentemente, apenas o “Oráculo de Omaha” conseguiu ler. Uma coisa é certa: Buffet pratica o que prega: “Tem medo quando os outros são gananciosos e sê ganancioso quando os outros têm medo”.
E, como é habitual, quando Buffett se mexe, o mercado acompanha: as ações da UnitedHealth subiram quase 13% desde que a entrada do investidor na empresa se tornou pública.
