Aluno excelente, irreverente e de boas famílias: Quem matou o CEO da UnitedHealthCare?

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Altoona Police Department

Luigi Mangione, suspeito de assassínio do diretor executivo da UnitedHealthcare

Foi detido, esta segunda-feira, o homem suspeito de ter matado a tiro o CEO da UnitedHealthcare, na semana passada. Luigi Mangione era um ótimo aluno e vem de uma família com poder. Quais terão sido as motivações do crime?

O Ministério Público dos Estados Unidos aponta Luigi Mangione como o principal suspeito do homicídio de Brian Thompson, líder da UnitedHealthcare – uma empresa norte-americana de seguros de saúde.

O crime aconteceu na última quarta-feira no centro de Nova Iorque (na famosa Sixth Avenue) pouco antes das 7h da manhã, quando Brian Thompson se preparava para entrar na conferência anual de investidores da empresa.

A polícia de Nova Iorque logo montou uma caça ao homem, mas o suspeito conseguiu escapar em direção ao Central Park.

O homem, de 26 anos, foi encontrado esta segunda-feira pela polícia em Altoona, a 500 quilómetros a oeste de Nova Iorque.

De acordo com o jornal New York Times, o homem foi denunciado por uma testemunha num McDonalds em Altoona, estando na posse de um cartão de identificação falso, semelhante ao utilizado pelo assassino para se registar num hostel de Nova Iorque na noite anterior ao crime.

Quando foi detido, Mangione, oriundo de uma importante família do setor imobiliário de Maryland (nordeste), tinha na sua uma arma impressa a 3D que a polícia acredita ser a que foi a utilizada para matar Brian Thompson.

Segundo o New York Post, Mangione era o melhor aluno da sua escola secundária, em Baltimore, e já na altura tinha posições atrevidas.

No discurso de formatura, o jovem incentivou os colegas a “desafiar o mundo” e a ultrapassar os limites.

Ao que o mesmo jornal apurou, Mangione odiaria a comunidade médica por causa da forma como ela tratava seu parente doente.

Um antigo colega de casa do jovem fez uma revelação à CNN que pode ajudar na investigação: Mangione tinha problemas de costas e havia sido operado há um meses.

Mangione foi encontrado com um documento manuscrito de três páginas, no qual sugeria ter posições anti-capitalistas e “má vontade” em relação às empresas norte-americanas.

Anteriormente os investigadores assinalaram que o atirador podia ser um funcionário insatisfeito ou um cliente da seguradora.

No entanto, as balas encontradas perto do corpo de Thompson tinham as palavras delay (“atrasar”), deny (“negar”) e defend (“depor”), imitando uma expressão utilizada pelos críticos da indústria seguradora para os procedimentos usados para evitar o pagamento de compensações aos clientes.

A imprensa norte-americana especula que essas palavras possam evocar um livro crítico de Jay Feinman, sobre o setor dos seguros, publicado em 2010, cujo título é “Delay, Deny, Defend: Why Insurance Companies Don’t Pay Claims and What You Can Do About It” (“Atrasar, negar e defender: porque é que as seguradoras não pagam os sinistros e o que pode fazer quanto a isso”).

Na noite de segunda-feira, os procuradores de Manhattan, em Nova Iorque (nordeste), acusaram Mangione de homicídio, posse de armas de fogo e outros crimes, de acordo com um processo judicial divulgado online.

Mangione foi acusado e detido sem fiança no estado da Pensilvânia, após uma breve audiência em tribunal.

O chefe dos detetives da polícia de Nova Iorque, Joseph Kenny, disse que Mangione será extraditado para Nova Iorque para enfrentar acusações relacionadas com a morte de Thompson.

ZAP // Lusa

3 Comments

    • Como se tivesse sido a arma a origem do problema… quantos não devem morrer ou passar mal por não terem seguro ou o mesmo recusar cobrir…

    • “O filósofo John Rawls, em 1999, denunciava o Congresso dos EUA como o lugar onde as leis eram compradas e vendidas. Em 2018, o economista George R. Tyler demonstrou a “ilusão de democracia” que se vive nos EUA. O sistema político foi “raptado” por uma elite económica que controla o Congresso, com as recompensas que a riqueza oferece. Temos um governo eleito pelo povo ao serviço de uma fina camada de ricos, ou seja, uma democracia na aparência e uma plutocracia na essência. É claro que esta degradação não é exclusiva dos EUA. O problema é que os EUA foram a potência unipolar nos últimos quase 30 anos…”
      Viriato Soromenho-Marques

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