Paulo Cunha / EPA

Quatro grandes fogos, especialmente um em Arganil. Já arderam 75.000 hectares neste ano. PS e Livre deixam questões.
Os quatro incêndios que mais preocupações levantam às autoridades estão a mobilizar dois terços dos meios no terreno a nível nacional, com o de Arganil a ser o que tem mais operacionais e viaturas,segundo a Proteção Civil.
De acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), o fogo de Arganil (Coimbra) tem uma situação “ainda muito desfavorável”, com várias frentes ativas, “pelo menos seis setores de trabalho” e ainda não existem muitas áreas consolidadas. Este fogo está “ainda muito longe de ser dominado”.
Este incêndio, pelas 09:40, mobilizava mais de 900 bombeiros, apoiados por 301 viaturas e cinco meios aéreos.
Além do fogo de Arganil, os outros três que levantam maiores preocupações são os de Sátão e Cinfães (Viseu) e o de Trancoso (Guarda), sendo que este último é o que tem uma situação “menos desfavorável”, segundo a proteção civil.
A ANEPC explicou que o incêndio de Trancoso tem já “grandes áreas em resolução”, “com trabalhos de rescaldo e consolidação e outros de vigilância”.
Este fogo estava pelas 09:40 a ser combatido por 460 operacionais, apoiados por 146 viaturas e dois meios aéreos.
Também numa situação ainda desfavorável está o incêndio no concelho de Sátão, em Viseu, que apesar de também ter algumas áreas já em rescaldo, tem setores que “ainda estão em trabalhos e outros onde o incêndio se desenvolve ainda com intensidade”.
No local, pelas 09:40, estavam 447 bombeiros, apoiados por 142 viaturas e quatro meios aéreos.
Já o incêndio de Cinfães, tem ainda duas frentes ativas “a arder com média intensidade” e com “algumas aldeias a serem afetadas”.
Segundo a proteção civil, trata-se de uma área com difíceis acessos aos meios terrestres.
No local estão 111 operacionais, apoiados por 29 viaturas e três meios aéreos.
Questionada sobre se havia aldeias em risco de serem evacuadas, a mesma fonte sublinhou que estes incêndios “são extremamente dinâmicos” e que a situação pode alterar-se a qualquer momento, acrescentando não tem informação detalhada e rigorosa no momento e remetendo para os postos de comando locais.
“Nas áreas onde existem aldeias envolventes a estes incêndios, há sempre a possibilidade [de evacuação] e, no posto de comando, é sempre avaliada a possibilidade de, preventivamente, fazerem evacuações ou deslocamento destas pessoas”, afirmou.
O fogo que deflagrou no domingo em Tabuaço, distrito de Viseu, entrou hoje em fase de resolução, indicou a Proteção Civil.
No total, estão no terreno a combater os incêndios em Portugal continental 2.940 operacionais, apoiados por 940 viaturas e 17 meios aéreos.
Preocupação do IPMA
Mais de 120 concelhos do interior Norte e Centro do país e do Algarve estão hoje em risco máximo de incêndio, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Estão sob risco máximo de incêndio todos os concelhos do distrito de Bragança e a maioria dos de Vila Real, Guarda, Viseu e Castelo Branco.
Também em risco máximo estão dezenas de outros municípios dos distritos Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Santarém, Portalegre, Beja e Faro.
Paula Leitão, do IPMA, admite “grande preocupação” – que se vai prolongar nos próximos dias: “A situação continua bastante preocupante em relação aos incêndios. O tempo está muito quente, o verão já vai adiantado, está tudo muito seco, o vento vai ter algumas variações na direção. Portanto, a situação mantém-se de grande preocupação”.
Na Antena 1, a meteorologista comentou que a temperatura vai ter uma pequena descida a partir de amanhã, sexta-feira, mas “vai continuar o tempo quente”.
Até domingo, há diversos locais de norte a sul que devem chegar ou superar os 40 graus.
PS, Livre, Montenegro
José Luís Carneiro acha que o Governo deveria declarar estado de contingência. O secretário-geral do PS explica no NOW que essa mudança “permite ativar os planos de emergência da Proteção Civil, permite mobilizar meios que, de outra forma, é mais difícil mobilizá-los”.
Luís Montenegro foi questionado pelos jornalistas sobre o facto de o Governo não ter ainda pedido ajuda ao Mecanismo Europeu de Proteção Civil, para combater os fogos.
“Quando for preciso, faremos. Isso obedece a critérios técnicos e operacionais, que têm de ser atendidos”, justificou o primeiro-ministro.
O Grupo Parlamentar do Livre questionou hoje Luís Montenegro sobre os motivos de incumprimento da meta de limpar um milhão de hectares de floresta entre 2020 e 2024, prevista no Plano Nacional de Ação (PNA) 20-30.
O partido recorda que o objetivo de limpar um milhão de hectares de floresta entre 2020 e 2024 foi assumido após os incêndios de 2017, mas, de acordo com uma notícia do Público divulgada esta semana, apenas 400 mil hectares foram intervencionados. Um número, considera o Livre, que “revela dificuldades estruturais na execução das metas estabelecidas no PNA”.
Desde o início de 2025, os incêndios florestais consumiram até hoje cerca de 75.000 hectares – mais de metade ardeu nas últimas três semanas, segundo dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
ZAP // Lusa