HAITHAM IMAD/EPA

Itália e Espanha estão a fazê-lo. Algumas cidades alemãs queriam tratar crianças palestinianas gravemente doentes e traumatizadas, mas dois ministérios federais travaram a iniciativa.
Cinco cidades alemãs ofereceram-se para acolher e prestar tratamento médico a crianças gravemente doentes ou traumatizadas da Faixa de Gaza, devastada após 22 meses de guerra.
A proposta foi apresentada pelas cidades de Hannover, Düsseldorf, Bona, Leipzig e Kiel, mas todas precisam do apoio do governo federal para avançar. As autoridades federais teriam de assumir os procedimentos de entrada no país, a seleção das crianças e a coordenação geral dos esforços de ajuda humanitária.
Numa carta dirigida ao ministro da Administração Interna, Alexander Dobrindt, da União Social-Cristã (CSU), e ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Johann Wadephul, da União Democrata-Cristã (CDU), os presidentes destas câmaras pediram ajuda.
O governo federal, no entanto, tem reservas sobre a iniciativa, e os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna querem primeiro analisar a situação. O apoio dependeria “fundamentalmente da situação de segurança”, bem como da “possibilidade de viagem e outros fatores”, disse um porta-voz do Ministério da Administração Interna na quarta-feira. O foco principal continuaria a ser “a ampliação da assistência médica no local e na região”.
Em princípio, no entanto, o governo federal vê a proposta de forma positiva. É “uma preocupação importante” apoiar os atores da sociedade civil no tratamento médico de crianças da Faixa de Gaza, afirmou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O ministro da Administração Interna, Dobrindt, foi um pouco mais explícito na quinta-feira.
“Devemos ser muito cuidadosos com as possíveis medidas que estamos agora a discutir”, disse à plataforma Table Media. O governo federal já está a apoiar a população da Faixa de Gaza, sublinhou. “A prioridade deve ser a prestação de ajuda no local.” Acrescentou que compreende a ideia, mas que o objetivo deve ser ajudar o maior número possível de pessoas, e não apenas algumas.
Secretária da CDU fala em ideia eleitoralista
Já Serap Güler (CDU), secretária de Estado no Ministério dos Negócios Estrangeiros, causou indignação. Não considerou a oferta das cidades como algo totalmente altruísta, pelo menos no caso das duas cidades do estado da Renânia do Norte-Vestfália, Düsseldorf e Bona, onde haverá eleições autárquicas em Setembro.
“Essa ideia é boa para a campanha eleitoral ou para ganhar pontos, mas não ajuda realmente as pessoas”, disse Güler ao jornal Kölner Stadt-Anzeiger.
Ines Schwerdtner, líder do partido da oposição Die Linke, classificou a declaração como “mesquinha”. Não pode ser “que a Alemanha seja um dos poucos países da União Europeia a ficar de braços cruzados a ver pessoas morrerem”. Até uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros rejeitou posteriormente a declaração feita pela sua própria secretária.
Receio de nova vaga migratória
Há algo mais por trás da relutância dos dois ministérios, liderados pela CSU e pela CDU. Os dois partidos conservadores temem uma nova vaga de migração, mesmo que inicialmente envolva apenas algumas dezenas de crianças.
A migração foi um dos temas mais importantes da última campanha eleitoral, e limitá-la foi uma promessa feita tanto pela CDU como pela CSU. A migração é também uma questão frequentemente explorada pelo partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) para pressionar o governo.
Esta suspeita foi confirmada por Alexander Hoffmann, líder da bancada da CSU no *Bundestag* (câmara baixa do Parlamento alemão). Em entrevista ao jornal Bild, disse que “os Estados árabes vizinhos são os principais responsáveis pela eventual admissão de grupos vulneráveis.” E acrescentou a frase decisiva: “Um movimento migratório para a Alemanha não pode ser a resposta.”
Palestinianos são considerados apátridas na Alemanha
Aparentemente, os membros dos dois partidos estão particularmente preocupados com o facto de que isto não se limitaria ao tratamento médico das crianças, mas que os seus familiares também poderiam vir para a Alemanha através da reunificação familiar e lá ficar permanentemente.
O seu regresso à terra natal também seria dificultado pelo facto de os palestinianos serem considerados apátridas na Alemanha, uma vez que o país não reconhece os territórios palestinianos como um Estado.
O Partido Social-Democrata (SPD), que integra a coligação governamental com a CDU e a CSU, por outro lado, está mais aberto a aceitar crianças de Gaza.
Dirk Wiese, secretário da bancada do SPD no Bundestag, afirmou que dar tratamento médico às crianças seria um “sinal de humanidade”. O pré-requisito é uma viagem segura. “Se houver possibilidades, se puderem ser feitos acordos para fornecer tratamento médico na Alemanha, acredito que devemos fazê-lo.”
Belit Onay, filiado no Partido Verde e presidente da câmara de Hannover, uma das cidades que deseja acolher crianças palestinianas, também rejeitou as críticas do Ministério dos Negócios Estrangeiros. A iniciativa é apoiada por uma ampla rede de participantes, independentemente da filiação partidária, afirmou Onay ao Serviço de Imprensa Evangélico. Além disso, a Alemanha já acolheu feridos da Ucrânia e membros da minoria yazidi que sofreram violência no Iraque no passado: “Este é um procedimento testado e comprovado. Basta querer fazê-lo.”
Outros países europeus já recebem crianças de Gaza
A hesitação do governo alemão contrasta com iniciativas de outros países europeus. Itália e Espanha já estão a acolher crianças gravemente feridas de Gaza para tratamento.
O governo britânico também anunciou uma operação de evacuação, mas os números são baixos, pouco mais de uma centena de crianças. Organizações humanitárias estão a pedir ao governo em Londres que atue rapidamente. Crianças já morreram em Gaza devido a processos burocráticos demorados. O presidente da câmara de Hanôver, Onay, sugeriu uma cooperação com o Reino Unido.
O chanceler federal Friedrich Merz, da CDU, ainda não se pronunciou sobre a oferta das cidades alemãs.
// DW
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Boa sorte em tirar essas crianças com doenças genéticas raras das mãos da Máquina de Propaganda do Hamas. As vezes não sei se a UE é ingénua ou se é mesmo burra em relação a Islão e as suas leis. Nenhuma criança pode ser adota e muito menos levada por não muçulmanos, a ponto que uma família não muçulmana ter um filho/a se converta no Islão que basta recitar a Shahadah para ser retirada aos pais e entregue a algum velho tarado para ser reeducado. E a UE quer ir a Gaza buscar crianças que servem para espalhar propaganda…. Se disserem aos pais que podemos “curar” o seu filho e o Hamas dizer para a criança ser Mártir por allah, 100% os pais vão escolher sacrificar o filho. Já ouvi tanta vez as mães a dizer que tem tantos filhos para os obrigar a se tornar mártir. Podem desgostar do meu comentário mas isto é o Islão.