Centro Geofísico da Academia Russa de Ciências

Captura de vídeo disponibilizado pelo Centro Geofísico da Academia Russa de Ciências mostra uma área inundada em Severo-Kurilsk, região de Sacalina.
Abalo em Kamchatka provoca tsunamis na Rússia e no Japão; alertas chegaram a muitos países banhados pelo Pacífico.
Um forte sismo de magnitude 8,8 atingiu nesta quarta-feira a península de Kamchatka, na Rússia, provocando tsunamis no país e no Japão e a emissão de alertas em muitos países banhados pelo Pacífico.
Na cidade de Severo-Kourilsk, no norte do arquipélago russo das ilhas Curilas, vários tsunamis inundaram as ruas e parte dos dois mil habitantes foram retirados, de acordo com o Ministério de Situações de Emergência. O estado de emergência foi declarado naquela área.
“A quarta onda do tsunami está a chegar. A onda é muito grande, está tudo inundado, toda a costa está inundada“, testemunhou um habitante num vídeo publicado pelo jornal russo Izvestia.
De acordo com o presidente da câmara da cidade, citado pela agência estatal russa Tass, um dos tsunamis arrastou para o mar os navios que estavam ancorados.
Segundo o Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS), o sismo de magnitude 8,8 na escala de Richter ocorreu por volta das 00:25 de Lisboa, a 20,7 quilómetros de profundidade, a 126 quilómetros da costa de Petropavlovsk-Kamchatsky, no extremo oriente russo.
Esta magnitude é a mais forte registada em Kamchatka desde 5 de novembro de 1952, quando um terramoto de magnitude 9, ocorrido praticamente no mesmo local, provocou tsunamis devastadores em todo o Oceano Pacífico.
E, lembra o Japan Today, é o maior sismo em todo o planeta nos últimos 14 anos, só superado pelo famoso sismo (e tsunami, e acidente nuclear) no Japão, em março de 2011.
O serviço sismológico de Kamchatka alertou que são esperadas réplicas de até 7,5.
VIDEO OF THE #EARTHQUAKE IN RUSSIA 🇷🇺 pic.twitter.com/eFoR0yMozV
— Niv Calderon (@nivcalderon) July 30, 2025
No Japão, imagens na televisão mostraram pessoas a sair de carro ou a pé para zonas mais elevadas, especialmente na ilha de Hokkaido, no norte do país, onde foi observado um primeiro tsunami com 30 centímetros de altura.
Os funcionários da central nuclear de Fukushima (norte), destruída por um forte terremoto e um tsunami em março de 2011, foram retirados, informou a operadora da infraestrutura.
“Não se aventurem no mar e não se aproximem da costa até que o alerta seja levantado”, apelou a Agência Meteorológica Japonesa (JMA), que prevê ondas de três metros.
“Os habitantes das regiões onde foram emitidos alertas devem retirar-se imediatamente para locais seguros, zonas elevadas ou edifícios de evacuação”, insistiu o porta-voz do Governo japonês, Yoshimasa Hayashi.
O alerta nipónico abrange toda a costa norte e leste do arquipélago, até ao sul de Osaka, bem como as pequenas ilhas periféricas. Além disso, nas baías de Tóquio e Osaka, o tsunami poderá atingir um metro.
A China emitiu alerta de tsunami para várias zonas da costa. As Filipinas também exortaram os habitantes da costa leste a deslocarem-se para o interior e aconselharam os pescadores que já se encontram no mar a permanecerem em águas profundas.
A mesma mensagem foi transmitida no Havai, nos Estados Unidos, ameaçado por ondas de três metros ou mais. “As pessoas não devem, e repito mais uma vez, não devem, como vimos no passado, permanecer perto da costa ou arriscar a vida apenas para ver como é um tsunami”, disse o governador do estado, Josh Green.
Podia ter sido pior
A CNN relata que, ao início da manhã em Portugal, o Havai já começou a ser atingido por grandes ondas – embora os primeiros impactos estejam a ser menos graves do que as autoridades locais esperavam. Houve ondas de 2 metros, relatou o governador local.
Mais o alerta desceu de nível. “O pior já passou”, comentou o director local de alertas de tsunami, Chip McCreery.
Também na China foram cancelados os alertas amarelos de tsunami em Xangai e Zhejian. Nas Filipinas, os alertas de tsunami foram cancelados nas comunidades costeiras.
Na Rússia, há edifícios danificados e uma creche que ruiu completamente, mas sem feridos a registar. As ondas de tsunami começaram a chegar.
Também no Japão o impacto inicial foi menor do que o previsto: ondas de 60 centímetros, muito abaixo dos 3 metros inicialmente previstos. Quase 2 milhões de japoneses estão sob alertas de evacuação.
Também o Peru e o México declararam alerta de tsunami para o litoral, assim como o Equador, que evacuou as praias e os portos do arquipélago de Galápagos.
Tsunamis de um a três metros também seriam possíveis no Chile, na Costa Rica, na Polinésia Francesa e outros arquipélagos.
Os Estados Unidos emitiram uma série de alertas de diferentes níveis ao longo da costa oeste norte-americana, do Alasca até toda a costa da Califórnia – que entretanto foram todos retirados.
As horas foram passando e quase todos os países foram cancelando os avisos de tsunami, embora ao fim da noite o Chile ainda mantivesse alerta vermelho na Ilha de Páscoa.
Chegou a temer-se o pior, mas há registos de apenas feridos ligeiros e danos materiais.
Podem é surgir réplicas de 7,5, que podem originar um tsunami forte.
(artigo atualizado)
ZAP // Lusa
Pena que a Putina não estivesse de visita.
Lápis azul sempre atento não é?
Faltou dizer que o arquipélago “russo” das ilhas Curilas é, de direito, japonês.
Pois, faltou dizer que o Japão é um país ocupado desde 1945 e que nunca assinou nenhum armistício com a união soviética. Sabia?