/

“As Melonis desta vida” são exemplo único ou Chega para ser exemplo?

Fabio Frustaci / EPA

Giorgia Meloni, primeira-ministra de Itália

Moderação da extrema-direita tem-se verificado em Itália. É um caminho que deve ser valorizado ou desvalorizado? É que não há mais na Europa Ocidental.

O Chega tem 60 deputados. “Não se pode fingir que não existe“.

A tese foi reforçada por João Miguel Tavares, que abordou a aparente aproximação do Governo liderado por Luís Montenegro ao partido liderado por André Ventura.

Há quem se queixe dessas negociações, por causa dos princípios, das posturas já anunciadas publicamente pelo Chega ao longo destes últimos anos.

Mas os princípios… “Hoje em dia as pessoas evocam os princípios, não para eles terem eficácia prática, mas para estarem a uma mesa e dizerem ‘Reparem que eu sou uma pessoa realmente espectacular’. Mas não tem efeito na vida prática do país”.

O comentador acrescentou na SIC Notícias que há dois grupos de pessoas que estão fascinadas com o Chega: umas têm fascínio porque concordam com as ideias de André Ventura; mas “há ainda mais gente que tem fascínio porque tem grande prazer em dizer constantemente que o Chega é horrível”.

Isso não resulta, reforça. A “única solução” é a seguinte, para João Miguel Tavares: “Em democracia, o que se faz é falar com estes partidos, moderar as suas propostas e tentar trazê-los para dentro do regime democrático, normalizá-los, tentar que sejam menos agressivos”.

No entanto, avisa, é preciso esperar. Porque não há só um caminho. Um dos caminhos é o Chega ter cada vez mais poder, rumo a uma deterioração do regime, mudanças na Constituição. Uma “autocracia, como na Hungria”.

O outro caminho passa pelas “Melonis desta vida” – e aqui foi interrompido pelo também comentador Pedro Mexia:

– Não, não, não. Não há caminhos. É um caminho único, é o único caso. O teu problema empírico é esse: a moderação de um partido da direita radical tem um único exemplo em toda a Europa…
– …que é o único exemplo que surgiu, enquanto partido de poder, fora dos países de Leste.
– Mas a Europa só tem um caso de moderação de partidos de direita radical.
Mas tem. E é sobre esse caso que se deve trabalhar.
– Acho que é fraco material empírico, mas pronto.

João Miguel Tavares lembra que Giorgia Meloni, primeira-ministra de Itália, tem sido pouco radical desde que assumiu o cargo. O seu Governo adopta um perfil institucional mais sóbrio, sobretudo em contextos europeus e diplomáticos.

A ideia seria quase “copiar” esse exemplo.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.