Marcos Santos / USP Imagens

O meio-dia parece ser o momento ideal para fazer um exame oral na universidade — o que pode dever-se ao facto de os estudantes geralmente não serem madrugadores.
Os estudantes universitários têm maior probabilidade de passar em exames orais se estes forem realizados por volta do meio-dia, segundo um novo estudo, que analisou mais de 100.000 avaliações.
Carmelo Vicario, investigador da Universidade de Messina, em Itália, decidiu investigar se haveria uma correlação entre as horas dos exames e os seus resultados depois de se deparar com um estudo que sugeria que as decisões dos juízes são afetadas pela proximidade da hora das refeições.
“Estava a tentar ver se isto poderia ser verdade na educação“, explica Vicario à New Scientist.
Com os seus colegas, Vicario examinou uma base de dados pública para recolher informações sobre os resultados e horários de mais de 104.500 avaliações orais realizadas por cerca de 19.000 estudantes universitários em Itália. Os testes ocorreram entre outubro de 2018 e fevereiro de 2020 e foram de 1243 disciplinas.
Os autores do estudo descobriram que, em média, as taxas de aprovação eram de 54% às 8h00, subindo para 72% ao meio-dia e depois descendo para 51% às 16h00. “Encontrámos esta bela distribuição de dados em forma de sino“, diz Vicario.
Os resultados do estudo, publicados na quarta-feira na Frontiers in Psychology, foram consistentes em todos os tipos de avaliações orais, como exames de línguas e apresentações de investigação. Mas Vicario reconhece que não sabemos se isto também se aplica a testes escritos.
“Há muitos fatores externos que afetam o desempenho dos estudantes”, diz Thomas Lancaster, investigador do Imperial College London, que não esteve envolvido no estudo. “O horário é um deles – seja a hora do dia ou mesmo os intervalos entre exames.”
Por que motivo existe tal variação é difícil de desvendar. Pode depender dos cronotipos dos estudantes – a inclinação natural do nosso corpo para dormir a uma determinada hora, que determina se somos uma pessoa matinal ou noturna.
Os autores do estudo sugerem que as pessoas mais jovens têm maior probabilidade de ser noturnas e podem preferir dormir até mais tarde. Isto pode não coincidir com os cronotipos dos seus examinadores mais velhos, e assim o ponto mais próximo em que se alinham seria por volta do meio-dia.
Nesta hora do dia, pode haver um equilíbrio entre um estudante ter um bom desempenho e um examinador ser generoso com as suas pontuações.
“Como sempre, no meio é que está a virtude“, diz Vicario, que espera que a investigação ajude as universidades a planear os horários dos seus exames orais.