Imigrantes detidos nos EUA obrigados a comer acorrentados e de joelhos “como cães”

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Justin Lane / EPA

Os imigrantes afirmam que foram obrigados a dormir no chão em salas sobrelotadas e agredidos pelos agentes do ICE. Há até relatos de casos em que tiveram de comer ajoelhados e acorrentados.

Um novo relatório da Human Rights Watch (HRW) revela que há casos sistemáticos de abuso e sobrelotação em três centros de detenção do Serviço de Imigração e Controlo de Alfândegas (ICE) no sul da Flórida, classificando as condições como “desumanas” e “degradantes”.

O documento, baseado em entrevistas com detidos, descreve um incidente no centro de detenção federal de Miami, onde os imigrantes foram algemados com as mãos atrás das costas e tiveram de ajoelhar-se “como cães” para comer comida em pratos de esferovite. “Tivemos de comer como animais”, disse um detido identificado como Pedro.

A sobrelotação e a negligência são apontadas como problemas generalizados. No centro de processamento Krome North, em oeste de Miami, as mulheres foram alegadamente obrigadas a utilizar casas de banho à vista de homens e foram privadas de acesso a duches, cuidados médicos e alimentação adequada.

Os detidos relataram terem ficado mais de 24 horas dentro de autocarros, onde as condições insalubres deixaram o ar “com um forte cheiro a fezes”. “O autocarro ficou nojento. Tinha o tipo de casa de banha em que normalmente as pessoas só urinam, mas como ficamos tanto tempo no autocarro e não nos deixaram sair, outros defecaram lá”, disse um homem.

Já dentro do Krome North, a sobrelotação fez com que alguns passassem até 12 dias em salas geladas e a dormir no chão frio de betão. “Quando saí, quase todas as salas de visitas estavam lotadas. Algumas estavam tão cheias que os homens nem conseguiam sentar-se, todos tinham que ficar em pé”, revela Andrea, uma detida.

No Broward Transitional Center, em Pompano Beach, os imigrantes denunciaram que lhes foi frequentemente negado acesso a cuidados médicos ou psicológicos. Noutro incidente, os guardas do centro de Miami terão desligado uma câmara de vigilância e agredido os detidos que protestavam contra a falta de cuidados médicos para um homem que cuspia sangue, causando vários ferimentos, incluindo um dedo partido.

O relatório sublinha o aumento significativo do número de detenções sob a administração Trump. Em meados de junho, o número diário de pessoas detidas atingiu 56 400, em comparação com uma média de 37 500 em 2024. Cerca de 72% não têm qualquer histórico criminal, segundo a HRW.

Adriana Peixoto, ZAP //

3 Comments

    • Você sabe ler?

      “O documento, baseado em entrevistas com detidos”

      Se os guardas prisionais não são fonte fidedigna para o que se passa numa prisão, os relatos dos presos também não são necessariamente de confiar!

  1. Quando uma civilisação chega a esta falta de respeito pelo ser humano, torna-se mais que evidente o seu avançado estado de decadência.

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