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2025 já é o ano com mais mortes por afogamento desde 2017. Até o melhor nadador do mundo pode afogar-se — especialmente nos rios, onde o excesso de confiança é demasiadas vezes fatal.
Quando o verão chega, os casos de afogamento disparam em Portugal. Este ano não foge à regra e há casos de afogamento praticamente todas as semanas.
Entre 2020 e 2023, mais de 50 crianças e jovens morreram por afogamento no país, segundo dados da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI).
A maioria das mortes acontece na faixa etária entre os 15 e os 19 anos. 19 dessas crianças tinham até 4 anos, quatro entre os 5 e os 9, oito adolescentes entre os 10 e os 14 anos e 24 tinham entre os 15 e os 19 anos.
A tendência de queda no número de mortes por afogamento inverteu-se nestes últimos anos e este já é o pior ano desde 2017.
Em 2025, já morreram mais de 50 pessoas afogadas em Portugal. A maioria das vítimas são homens, com idades entre os 25 e os 29 anos. A grande maioria das mortes divide-se entre o rio e o mar.
Todas as situações mortais deste ano aconteceram em locais não vigiados, um problema cada vez mais preocupante nas praias portuguesas.
Há algo que as pessoas têm de inteirar: até o melhor nadador do mundo pode afogar-se. Os especialistas explicam porquê.
Porque saber nadar não garante segurança
Aprender a nadar é essencial, sobretudo em países onde muitas pessoas vivem perto do mar ou de rios onde o podem fazer. Mas isso não é suficiente.
Enquanto o mar tem as ondas, correntes e agueiros sempre a seu favor, o rio é em muitos cenários mais perigoso, com correntes contínuas que obrigam a nadar contra a corrente, águas mais frias que reduzem a eficácia muscular, água turva que afeta a visibilidade e leitos mais irregulares.
A população olha para um rio “calminho”, subestima-o e aventura-se nele. O excesso de confiança é fatal quando as pessoas acham que é mais fácil nadar até mais longe nos rios, e depois se sentem demasiado cansadas para regressar à margem.
Aconteceu este mês, em Gondomar, quando mais um jovem perdeu a vida ao tentar atravessar o rio Douro a nado — uma brincadeira comum em Valbom, onde no final de maio já um menor de 17 anos tinha morrido depois de saltar para as águas do Douro.
Além disso, a água dos rios é menos densa do que a do mar, o que torna o ato de flutuar muito mais difícil.
A instrução de natação não está a preparar adequadamente os jovens para situações reais de risco em ambientes naturais, alerta um estudo recente da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) publicado na Taylor & Francis.
A investigação avaliou a diferença entre nadar em piscinas aquecidas e em ambientes naturais como lagos. Os resultados mostram que, embora cerca de 80% dos alunos testados (noruegueses) fossem considerados nadadores competentes numa piscina, apenas 30% mantinham esse desempenho num lago.
Os investigadores defendem que a instrução deve incluir mais do que apenas habilidades técnicas básicas. É necessário também desenvolver atitudes e conhecimentos sobre segurança na água. Propõem que a prática em piscinas seja mais representativa dos ambientes naturais e sublinham a importância da prática ao ar livre.