Bonnie Cash / EPA

Donald Trump afirmou que Israel aceitou um cessar-fogo de 60 dias em Gaza. O presidente dos EUA intimou o Hamas a aceitar os termos do mesmo, sob pena de a “situação piorar”. Joe Biden, há um ano, fez parecido.
Donald Trump anunciou, esta terça-feira, que Israel concordou com as condições para um cessar-fogo de 60 dias.
“Os meus representantes tiveram hoje uma longa e produtiva reunião com os israelitas sobre Gaza. Israel concordou com as condições necessárias para finalizar o cessar-fogo de 60 dias, durante o qual trabalharemos com todas as partes para pôr fim à guerra”, publicou Trump na rede social Truth.
Na mesma publicação, o presidente dos EUA fez uma espécie de ultimado ao Hamas: se não aceitar o acordo, a situação vai piorar.
“Espero, para bem do Médio Oriente, que o Hamas aceite este acordo, porque a situação não vai melhorar — SÓ VAI FICAR PIOR”, adiantou.
Segundo o Presidente norte-americano, esta “proposta final” será apresentada pela mediação do Catar e do Egito, que “trabalhou arduamente para ajudar a trazer a paz”.
Na sexta-feira, Trump já tinha afirmado que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas “estava próximo”, apesar de os combates continuarem no terreno.
Mas será mesmo assim?
De acordo com o especialista em relações internacionais, Tiago André Lopes, esta é apenas uma tentativa de Trump manipular a opinião pública.
Em entrevista à Antena 1, o professor da Universidade Lusíada deu o exemplo do antigo presidente dos EUA, Joe Biden, que há um ano fez igual.
“Em maio de 2024, Joe Biden também falava de um acordo de cessar-fogo desenhado por Israel, que depois Israel nunca se comprometeu nem assumiu. Agora parece igual, porque, em bom rigor, ao final de mais de 10 horas, nós não temos, nem da parte de Israel nem do Hamas nem do Egito nem do Catar, qualquer forma de confirmação”, explicou.
“Isto é um plano de Donald Trump. Ele diz que já há uma espécie de pré-acordo, porque, quer Israel quer o Hamas, se saírem agora deste processo negocial ficam com as sua imagem parcialmente comprometida. A ideia é sempre esta: é usar a opinião pública como um mecanismo de pressão negocial“, analisou o especialista.
Europa deixou de ser prioridade
Na mesma entrevista, Tiago André Lopes abordou também a questão da suspensão do envio de armamento dos EUA à Ucrânia.
Para o especialista, isto indica que a Europa deixou de ser a prioridade de Trump: “a opção foi descartar o parceiro mais frágil; e, claramente, a opção – e eu acho que isso é muito claro desde janeiro com Donald Trump – o foco não é a Europa“.
“O foco é o Médio Oriente e a Ásia, e por isso é que há uma deslocalização quer da prioridade diplomática quer da prioridade financeira, para Médio Oriente e Ásia. Enquanto não compreendermos ou aceitarmos que a Europa deixou de ser uma prioridade para Trump, vamos estar sempre em modo surpresa com as suas decisões”, considerou.
Miguel Esteves, ZAP // Lusa
Guerra no Médio Oriente
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então Israel confirma que há guerra (genocídio) em Gaza… certo? é que os mortos e destroços só aparecem num dos lados… com o Irão foi em ambos os lados…