
A Cintura de Rochas Verdes de Nuvvuagittuq, no Canadá, pode conter as rochas mais antigas do mundo
Há muitos anos que os geólogos se debatem se uma formação rochosa no Canadá contém as rochas mais antigas do mundo. Agora, novas medições demonstraram que sim.
Há pouco mais de quatro mil milhões de anos, o magma do manto da Terra infiltrou-se numa fratura da crosta primordial do jovem planeta.
Ao longo das Eras seguintes, quase todo o resto da crosta primitiva do planeta derreteu de volta para o manto, exceto uma pequena área à volta desta fratura, que sobrevive até hoje, no Canadá.
Um estudo publicado esta quinta-feira na Science veio atestar a teoria de que os últimos vestígios da crosta terrestre primitiva está acessível à superfície como parte da Nuvvuagittuq Greenstone Belt – uma formação na costa da Baía de Hudson.
O debate sobre estas rochas misteriosas foi lançado pelos mesmos investigadores, em 2008, num estudo que estimava que as rochas que rodeiam a intrusão têm cerca de 4,3 mil milhões de anos – o que as tornaria as mais antigas do mundo.
Com essa idade, ter-se-iam formado durante o éon Hadeano, apenas algumas centenas de milhões de anos depois do próprio planeta.
No entanto, como lembra a New Scientist, o método utilizado pelos investigadores para datar as rochas tornou a idade de 4,3 mil milhões de anos controversa. Como referiu, à mesma revista, Richard Walker, da Universidade de Maryland, a maioria da comunidade que estuda os primórdios da Terra não ficou convencida.
Mas, agora, os investigadores contaram os isótopos de neodímio e samário em rochas que se intrometem na camada que pensam ter 4,3 mil milhões de anos. Por definição, tais intrusões são mais jovens do que os estratos que as rodeiam. Por conseguinte, a datação da intrusão estabeleceria uma idade mínima para a rocha circundante.
Na intrusão, ao contrário da rocha mais antiga que a rodeia, os dois relógios contam a mesma história: a rocha tem cerca de 4,16 mil milhões de anos. Este facto apoia a ideia de que a rocha circundante se formou durante o éon Hadeano, o que faria dela o único vestígio conhecido da crosta primitiva da Terra.