E este sistema secreto pode ajudar no combate às alterações climáticas. Descoberta contraria a ideia de que as raízes das plantas diminuem progressivamente em número e dimensão à medida que se aprofundam no solo.
Cerca de 20% das espécies analisadas em todo o mundo apresentam um segundo sistema de raízes, muito mais profundo do que se pensava até agora, revela um estudo publicado a 17 de junho na Nature Communications.
Estas raízes secundárias encontram-se a mais de um metro de profundidade e permitem às plantas aceder a nutrientes do solo até então pouco ou nada considerados nos vários estudos científicos. A investigação analisou amostras de solo recolhidas a mais de 1,8 metros de profundidade em 44 locais, com diversos climas e ecossistemas, desde a tundra do Alasca até às florestas tropicais de Porto Rico.
Os investigadores descobriram que, em muitos destes locais, as plantas apresentavam picos de massa radicular (processo de fluxo de massa, onde a absorção de água e nutrientes ocorre em conjunto com o movimento da água no solo) em duas zonas do solo — um fenómeno designado como “bimodalidade“.
A descoberta contraria a ideia de que as raízes das plantas diminuem progressivamente em número e dimensão à medida que se aprofundam no solo. Na realidade, este segundo sistema radicular permite às plantas explorar camadas do solo ricas em nutrientes como o azoto, oferecendo uma via alternativa de obtenção de recursos, especialmente em condições em que o solo superficial é pobre ou a água é escassa, como aponta o Live Science.
Os investigadores sublinham que esta característica poderá ser uma resposta adaptativa a condições ambientais adversas, uma vez que é mais frequente em plantas que enfrentam solos superficiais pouco fiáveis. E como o solo pode conter mais carbono do que a atmosfera, compreender melhor estas raízes poderá ser fundamental para desenvolver estratégias de mitigação das alterações climáticas.
Agora, o que resta fazer é cavar mais fundo.
