“Quebra-cabeças mais difícil do mundo”. Arqueólogos juntam peças de um fresco misterioso

MOLA

Arqueólogos reuniram milhares de fragmentos de antigo fresco romano que não era visto há cerca de 1.800 anos. Especialistas conseguiram unir as peças para formar aquele que pode ser o quebra-cabeça mais difícil do mundo.

De acordo com o Museu de Arqueologia de Londres (MOLA), foram necessários três meses de trabalho para reconstruir o fresco encontrado no sítio arqueológico de Londres The Liberty of Southwark. Com os pedaços da pintura em gesso reagrupados, a obra recuperou sua configuração original.

“Este foi um momento único na vida, senti uma mistura de excitação e nervosismo ao começar a aplicar o gesso. Muitos dos fragmentos eram muito delicados, e pedaços de diferentes paredes tinha-se misturado quando o edifício foi demolido. Foi como montar o quebra-cabeça mais difícil do mundo“, afirmou Han Li, especialista em materiais de construção do MOLA, em comunicado.

Os frescos decoravam cerca de vinte paredes internas de um edifício construído entre 43 e 150 d.C., e a maioria deles foi encontrada abandonada dentro de um grande poço, estilhaçada em milhares de fragmentos.

Resultados da reconstrução

Conforme o trabalho de recuperação avançava, começaram a surgir desenhos em painéis amarelos, imagens de pássaros, frutas e liras — instrumentos de cordas semelhantes a harpas.

“Um fragmento mostra o que parece ser uma mulher a chorar, com lágrimas escorrendo pelo rosto. O penteado lembra os da época da dinastia Flaviana (69–96 d.C.)”, explicou Han Li.

“Outro mostra o que parece ser uma linha-guia traçada pelo pintor para uma flor com pétalas dentro de um círculo; parece que a marca foi gravada no gesso com a ajuda de um compasso. Os artistas provavelmente mudaram de ideias e decidiram não a pintar”, descreve o especialista.

Ostentação de riquezas

Segundo o MOLA, os frescos foram inspirados em decorações murais de outras regiões do mundo romano, como Colónia — na atual Alemanha — e Lyon, em França. As pinturas tinham a função de ostentar riqueza e demonstrar o bom gosto dos habitantes do edifício.

Apesar de seguir certos padrões decorativos, os painéis pintados de amarelo foram classificados como raros pelos arqueólogos britânicos. Os investigadores também identificaram fragmentos de gesso com letras do alfabeto grego gravadas com grafite antigo.

Alguns pedaços ainda guardam pistas sobre os artistas. Num deles, surge a palavra em latim “FECIT”, que significa “fez isto”. No entanto, o fragmento está partido justamente no ponto onde provavelmente estaria o nome do autor da pintura.

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