As negociações Ucrânia-Rússia não foram sobre cessar-fogo, explica Kuleba

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Os recentes encontros entre representantes dos dois países serviram sobretudo para agradar a Donald Trump, segundo o ex-ministro.

Cerca de dois anos depois, representantes de Rússia e Ucrânia voltaram a reunir-se recentemente. As conversas em Istambul, Turquia, originaram uma troca de prisioneiros mas, como se esperava, nenhum sinal de pausa na guerra, de cessar-fogo.

Um desfecho que não surpreendeu soldados ucranianos e que também não surpreendeu Dmytro Kuleba.

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros apresentou a sua perspectiva: as conversas entre Rússia e Ucrânia não eram sobre um cessar-fogo – eram sobre o presidente dos EUA.

“Desde a tomada de posse de Donald Trump até recentemente, todas as conversas e iniciativas não eram sobre um cessar-fogo. Eram sobre manter Trump afastado do inimigo. Para os dois lados”.

Kuleba explicou no Observador que “a Rússia estava a tentar evitar que Trump tomasse medidas duras e a Ucrânia estava a tentar mudar a visão de Trump sobre a Ucrânia e evitar que ele tomasse o partido da Rússia”.

Assim, “enquanto todos falavam de cessar-fogo, na realidade, isto foi tudo sobre Trump, não sobre o cessar-fogo”, resumiu o ex-ministro.

O agora professor universitário assegura que, ao longo dos últimos quatro meses, “não houve um único momento em que estivéssemos perto de um cessar-fogo, porque esse nunca foi o objectivo dessas iniciativas”.

A vitória para a Ucrânia, indica, seria “parar a guerra sem reconhecer legalmente qualquer perda de território, nem o direito à Rússia de decidir o futuro da Ucrânia, por exemplo na NATO ou na UE”.

Recuando alguns meses, e recordando a famosa reunião entre Donald Trump e Volodymyr Zelenskyy na Sala Oval da Casa Branca, Dmytro Kuleba acha que esse encontro beneficiou o presidente da Ucrânia – especialmente na popularidade interna, que estava longe do topo, antes desta reunião.

Ainda sobre Trump, Kuleba tem a certeza de que os EUA não querem aprovar outro pacote militar de ajuda à Ucrânia. O envio de mísseis Patriot “simplesmente vai acabar”. A sua esperança está nos países europeus.

Dmytro Kuleba também deixou palavras sobre Portugal. Agradeceu a tentativa de influenciar o Brasil e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Mas “não funcionou”.

Agora, avisa, o Governo de Luís Montenegro deve focar-se em aumentar o investimento na Defesa, para que “não cometa o erro básico que todos os seres humanos e nações cometem, de achar que o pior não pode acontecer convosco”.

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