Uma equipa de investigadores da Califórnia, nos EUA, descobriu o primeiro peixe de sangue quente em todo o mundo. Chamado peixe-cravo – ou, cientificamente, “Lampris guttatus” -, este espécime único consegue manter o seu corpo mais quente do que as águas onde nada.
Esta descoberta foi feita por uma equipa de cientistas da Administração Nacional Atmosférica e Oceânica (NOAA) dos EUA, depois de uma pesquisa de oito meses em que analisaram os movimentos e a temperatura do peixe através de sensores e mecanismos de satélite colocados no seu corpo.
A equipa liderada pelo biólogo Nicholas Wegner concluiu que, independentemente da temperatura da água onde se encontrava, o corpo do peixe ficava sempre cinco graus mais quente.
“O peixe-cravo parece produzir a maior parte do seu calor por mover constantemente as suas barbatanas peitorais que são usadas em natação contínua”, explica Nicholas Wegner em declarações ao site Live Science.
Ao contrário da maioria dos peixes, que nadam ondulando o corpo, o peixe-cravo é capaz de bater as barbatanas peitorais, que se assemelham a asas, para se mover. Será através deste músculo peitoral, que está isolado da água fria devido a uma camada de gordura, que ele conseguirá manter o seu corpo aquecido como os mamíferos e os pássaros.
“Os vasos sanguíneos no tecido da guelra estão preparados de forma a que os vasos que transportam o sangue frio e oxigenado das guelras para o corpo fiquem em contacto com aqueles que movem o sangue quente e desoxigenado na direcção contrária”, explica o Live Science, que teve acesso às conclusões dos cientistas. Durante este processo “o sangue que sai aquece o sangue que chega“, acrescenta a publicação.
“Nunca houve nada como isto visto nas guelras de um peixe. É uma inovação interessante destes animais que lhes dá um avanço competitivo”, sublinha Nicholas Wegner.
O peixe-cravo, que habitualmente se encontra em águas tropicais ou temperadas, consegue, nomeadamente, aumentar a temperatura do coração, o que lhe permite mergulhar a grande profundidade e ficar lá por longos períodos de tempo, ao contrário de outros peixes, que precisam de emergir para se manterem quentes.
SV, ZAP