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Estátua da Liberdade: a A Liberdade que Ilumina o Mundo
A 17 de junho de 1885, uma fragata francesa chegava a Nova Iorque, levando a bordo 350 peças embaladas em 214 caixas. Depois de montado, este gigantesco puzzle daria forma a um dos monumentos mais conhecidos em todo o Mundo: a Estátua da Liberdade.
A icónica Estátua da Liberdade, cujo nome oficial é A Liberdade que Ilumina o Mundo, chegou a Nova Iorque há 140 anos, a 17 de junho de 1885.
Vinha em 214 caixotes, e percorreu um longo caminho até se tornar um ícone da cidade, uma imagem de marca dos EUA, e um símbolo de liberdade, democracia e esperança em todo o Mundo.
A colossal estátua de cobre, que inicialmente era castanha mas com o passar dos anos oxidou e ganhou a sua característica cor verde, foi projetada pelo escultor francês Frédéric-Auguste Bartholdi (que se inspirou na mãe para desenhar o rosto) com a colaboração de Eugène-Emmanuel Viollet-le-Duc e Alexandre-Gustave Eiffel.
A participação do engenheiro francês, famoso pela torre em Paris a que deu o nome, foi um fator essencial no sucesso do projeto. Eiffel foi o responsável por construir o complexo esqueleto interior de ferro, que sustenta as finas folhas de cobre que dão forma à estátua — e que lhe permite resistir aos fortes ventos que por vezes a atingem.
A imponente estátua foi oferecida aos norte-americanos pela França, para comemorar o centenário da independência dos EUA. Na mão esquerda, a mulher tem uma tábua com a data de 4 de julho de 1776, em numeração romana — o dia em que os Estados Unidos adotaram sua Declaração de Independência.
A figura da mulher representa a deusa romana da liberdade, Libertas. As sete pontas da coroa representam os sete continentes e os sete mares, mas são-lhe atribuídos várias símbolos maçónicos. Aos seus pés, uma corrente partida relembra a abolição da escravatura, no final da guerra civil dos Estados Unidos.
Antes de todas as peças chegarem a Nova Iorque para serem montadas, andou a ser mostrada pelo Mundo: a tocha foi exibida em Filadélfia, na Feira Mundial de 1876, para angariar financiamento para criar a cabeça com a coroa de sete pontas — que, depois de construída, foi exibida na Exposição Universal de Paris, em 1878.
Uma vez completada a sua construção, a estátua foi desmontada em 350 peças e embalada em 214 caixotes, tendo embarcado para os Estados Unidos a 18 de maio de 1885. A viagem foi complicada: demorou mais 7 dias do que o previsto, e a fragata Isere, que a transportava, quase afundou.
Após 27 dias dias de viagem, a mais famosa emigrante dos EUA chegou finalmente ao porto de Nova Iorque.
A estátua foi oferecida pelos franceses, mas competia aos norte-americanos construir o enorme pedestal em que iria ser instalada. Não foi fácil angariar os fundos necessários para financiar o projeto.
Inicialmente, o então presidente Ulysses S. Grant tentou justificar a atribuição de financiamento do governo dando à estátua um propósito de utilidade pública, tornando a sua tocha um farol. Mas o projeto de eletrificação da estátua revelou-se inviável, e Nova Iorque esteve perto de perder a oportunidade de ter a sua icónica estátua.
Sem fundos públicos para financiar o pedestal, foi o político e editor de jornais Joseph Pulitzer (que criou o importante prémio de jornalismo homónimo) a lançar no The New York World uma campanha de angariação de fundos junto dos cidadãos de todo o país, para conseguir o dinheiro necessário.
Mais de 160 mil doadores, incluindo crianças, empresários, varredores de ruas e políticos, deram o seu contributo para a construção do pedestal. Apesar de mais de 75% das doações não terem chegado a um dólar (que hoje corresponderia a cerca de 28 euros), a campanha foi um sucesso.
Angariado o financiamento, a estátua foi então construída na ilha de Bedloe, que entretanto ganhou o nome de Ilha da Liberdade.
Ao todo, o monumento mede 92,99 metros, dos quais 46,5 são a figura da mulher a empunhar a tocha. É um pouco mais alta que a Torre dos Clérigos, no Porto, e quando foi construída era a maior estátua de ferro do Mundo.
A Estátua da Liberdade é Património Mundial da UNESCO desde 1984 e foi considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo em 2007. O monumento foi inaugurado a 28 de outubro de 1886, pelo então presidente norte-americano Stephen Grover Cleveland.
No seu discurso durante a cerimónia de inauguração, Cleveland afirmou que “uma corrente de luz atravessará a escuridão da ignorância e a opressão do homem — até que a Liberdade ilumine o mundo“.