Cláudia Pascoal / Facebook

Cláudia Pascoal nos bastidores da primeira meia-final do Festival da Canção 2023
Entre janeiro e março deste ano, 7 mortes por violência doméstica. Cantautora deixa alerta sobre a mensagem que passou a ser normalizada.
Sete pessoas morreram em contexto de violência doméstica nos primeiros três meses do ano, revelou a Polícia Judiciária (PJ), avançando que, entre 2020 e março de 2025, as mortes neste âmbito representaram praticamente 25% do total de investigações por homicídios.
Os dados foram avançados durante o seminário sobre violência doméstica pelo coordenador de investigação criminal da PJ, Pedro Maia, que sublinhou que “o valor do contexto da violência doméstica é elevado e expressivo”.
Os dados revelam que, no total, foram registados 588 inquéritos investigados pela Polícia Judiciária e, destes, 145 são inquéritos por homicídio em contexto de violência doméstica, representando 24,65% do total.
Só nos primeiros três meses do ano, os registos da Polícia Judiciária revelam a existência de 41 inquéritos por homicídio, sendo que seis destes inquéritos aconteceram em contexto de violência doméstica.
Nestes seis inquéritos, há a registar sete vítimas, seis do sexo feminino e uma do sexo masculino, sendo que os dados não especificam, no entanto, quantas vítimas são menores de idade.
Olhando para a distribuição geográfica, e também relativamente aos primeiros três meses do ano, dois inquéritos de homicídio em contexto de violência doméstica referem-se a Setúbal, outros dois a Lisboa, um ao Porto e outro a Braga.
Neste tipo de crime, entre 2020 e o primeiro trimestre de 2025, a arma branca foi o tipo de arma mais utilizada, identificada em 51 inquéritos, seguida da arma de fogo, 37 inquéritos, e da força física, habitualmente através da asfixia, em 26 inquéritos.
No mesmo seminário, o procurador-geral da República defendeu que, nos casos de violência doméstica, não deve ser a vítima a abandonar a casa e o ambiente familiar, mas sim o agressor, e apelou para que sejam feitas mudanças neste sentido.
“Pretendo sensibilizar a senhora ministra da Justiça no sentido de que, no meu ponto de vista, o agressor é que deve abandonar a casa e não a vítima. Não faz sentido a situação atual e devemos pensar essa situação”, defendeu Amadeu Guerra.
“Demorei 5 minutos”
A rádio Renascença organizou nesta semana emissões especiais para “levantar a voz contra a violência doméstica”.
Nesta sexta-feira, uma das convidadas foi Cláudia Pascoal, que está atenta ao assunto. Até porque é assunto à sua volta: “Não tenho uma única amiga que não tenha sofrido algum tipo de violência, por um namorado, por uma relação”.
A cantautora tenta comunicar esse alerta através da música: “É a forma que tenho para contribuir. Mas que haja voz, que não normalizem. Não é isso que está a acontecer”.
Questionada sobre o facto de a violência doméstica estar muito presente em jovens, Cláudia não ficou surpreendida: “Honestamente não me surpreende minimamente. Infelizmente, não”.
E revelou um episódio recente que confirma a sua perspetiva: “Numa certa provocação, eu fiz uma compilação de várias frases dos maiores youtubers atuais; frases machistas, ou a dar ênfase ao patriarcado. Demorei cerca de 5 minutos para encontrar umas 20 referências sobre isso”.
“É esta a mensagem que tem sido passada desde os mais novos, é uma comunicação cada vez mais normalizada”, avisou.
Nuno Teixeira da Silva, ZAP // Lusa
E os milhares de vídeos a promover o Extermínio e subjugação masculina e promover ideias de superioridade feminina… contam?