Homem de Gouveia / Lusa

Filipe Sousa, deputado eleito pelo Juntos Pelo Povo (JPP)
De Santa Cruz para o Parlamento: o Juntos pelo Povo (JPP) elegeu pela primeira vez um deputado à Assembleia da República. Filipe Sousa foi eleito pelo círculo eleitoral da Madeira; e assume: a grande missão do partido são os madeirenses.
O JPP conseguiu um inédito lugar no Parlamento, depois de aumentar em quase três mil o número de votos em relação ao ano passado, no círculo eleitoral da Madeira.
Nascido como movimento de cariz regional, o JPP apresentou listas na maioria dos círculos eleitorais, mas foi na Madeira que obteve o melhor resultado, com 12,32 % (17.115 votos).
Agora, Filipe Sousa foi eleito deputado à Assembleia da República; e destacou o feito histórico. “É a primeira vez que os madeirenses e os porto-santenses, entram, através de um partido regional, na Assembleia da República”.
“Vamos fazer tudo para levar este projeto de comunidade para todo o país”, disse o político madeirense de 60 anos, numa reação à TVI/CNN, depois de saber que ia entrar no Parlamento.
Um dos objetivos do partido é fazer ver ao Governo da República é que “os custos de se viver numa ilha, seja na educação, na saúde ou outras questões”, disse Filipe Sousa no final da noite eleitoral.
“Queremos resolver, de uma vez por todas, a questão da mobilidade aérea; a questão do ferrie; e a constituição de uma estrutura de missão, que foi uma das nossas medidas pioneiras, para que o Governo da República perceba os custos de nós estarmos isolados”, afirmou.
Prioridade é a Madeira
O JPP assume que a principal missão do partido se centra na Madeira.
No debate “dos pequeninos”, durante a campanha, Filipe Sousa havia deixado bem claro que a grande missão do JPP é a Madeira e os madeirenses: “É por eles que aqui estou”.
Apesar dessa premissa, no frente a frente, o líder do partido madeirense propôs-se a melhorar as condições de vida de todos os portugueses – “não só das ilhas geográficas, mas sim das ilhas que compõem Portugal no seu todo, como os jovens”.
Durante a campanha, Filipe Sousa sublinhou que o JPP se distingue dos “partidos tradicionais” pela sua “matriz humanista e de proximidade com a população” e, por isso, acredita que vai “marcar a diferença no panorama nacional”.
Filipe Sousa destacou a elevada taxa de desemprego jovem na Madeira, a taxa de população empregada em risco de pobreza, que disse afetar cerca 20 mil madeirenses, e a taxa de risco de exclusão, que abrange cerca de 70 mil pessoas, bem como a elevada dívida pública que “sufoca as finanças regionais em mais de 600 milhões de euros por ano”.
De Santa Cruz para o Parlamento
Foi no concelho de Santa Cruz que o JPP obteve o melhor resultado nacional das destas legislativas, com 24,59 % e 5.759 votos, ficando apenas atrás da AD.
No resto dos concelhos da região, o máximo que conseguiu foi um terceiro lugar na Calheta, ficando foram do pódio nos restantes municípios.
Em 2013, o movimento Juntos Pelo Povo apresentou-se como de centro-esquerda e concorreu pela primeira vez a umas eleições, com Filipe Sousa como cabeça-de-lista para a Câmara de Santa Cruz, que ganhou com maioria absoluta, num contexto de derrotas do PSD na região autónoma da Madeira.
Em 2014, o movimento transformou-se em partido e concorreu nas eleições legislativas de 2015 com uma lista na região que obteve 6,93% (8.671 votos), ficando em quarto lugar, a seguir ao PSD, PS e BE e à frente do CDS.
Em 2019, teve menos votos (7.125 votos, 5,49%), mas manteve o quarto posto, com o CDS a ficar desta vez em terceiro.
Em 2022, o JPP superou a primeira votação (8721 votos), com 6,86% dos resultados e ocupando o terceiro lugar na região.
A ascensão do Chega relegou em 2024 o JPP para o quarto lugar, mas ficando à beira da eleição (9,58% e 14.344 votos).
Miguel Esteves, ZAP // Lusa