ZAP // Rave, naturalearthdata / Wikipedia

Um mapa mundo que mostra a área prevista (nítida) onde a sonda Kosmos 482 poderá cair na Terra esta semana
É altamente improvável que aconteça, mas a Kosmos 482 pode cair na cabeça de alguém que esteja em Portugal… na verdade, em Portugal e em quase todo o mundo. São muito poucos os países que se safam.
A nave espacial soviética Kosmos 482 que ficou acidentalmente presa na órbita da Terra há 52 anos deverá finalmente cair no nosso planeta esta semana.
Os especialistas preveem que a nave faça a sua última imersão na atmosfera entre 8 e 12 de maio, viajando a uma velocidade estimada de 242 km/h.
Fabricada e lançada pela URSS em 1972 como parte do programa Venera da União Soviética para explorar Vénus, a sonda de 1 metro de largura e 495 kg deverá permanecer intacta ao cair na Terra – como uma espécie de “bala cósmica”, descreve a Live Science.
Para já, ninguém sabe ao certo onde o Kosmos 482 vai cair, mas a sua área de aterragem potencial cobre a maior parte do planeta.
Contudo, Marco Langbroek, professor de consciência situacional espacial da Universidade Técnica de Delft, nos Países Baixos, prevê que, dada a órbita atual do satélite, possa aterrar em qualquer lugar entre 52 graus de latitude norte e 52 graus de latitude sul – onde se encontra Portugal… e grande parte dos países do mundo, como se pode ver no mapa abaixo.
Na Europa, por exemplo, apenas os seis países nórdicos, a Estónia, a Letónia e a Escócia parecem estar totalmente livres de perigo.
Cabeças (quase) fora de perigo
Os especialistas estão, ainda assim, a tranquilizar a população, sensibilizando-a para o facto de cerca de 71% da superfície do nosso planeta estar coberta por água; e, por isso, ser altamente improvável que a Kosmos 482 caia na nossa cabeças.
Aliás, a maioria dos detritos espaciais que saem de órbita caem mesmo no oceano.
Jonathan McDowell, astrofísico do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, escreveu no seu blog que as probabilidades de a nave espacial cair diretamente sobre a nossa cabeça são “as habituais, de uma em vários milhares”, associadas à queda de detritos espaciais.
O Kosmos 482 é apenas um dos cerca de 50.000 pedaços de lixo espacial com mais de 10 centímetros. De acordo comum relatório recente da Agência Espacial Europeia (ESA), as colisões orbitais e as reentradas descontroladas estão a tornar-se cada vez mais comuns, com “satélites intactos ou corpos de foguetes (…) agora a reentrar na atmosfera terrestre em média mais de três vezes por dia”.