Câmara Municipal de Guimarães

Margarida Pereira, Mauro Fernandes e família de Paulo Abreu
Margarida Pereira foi a vencedora da primeira edição do Prémio Paulo Abreu. Dificilmente o Xico Andebol terá alguém como o Paulo.
O Xico Andebol viveu um sábado diferente, no dia – 26 de Abril – do jogo com o Boa Hora. Mais do que a vitória caseira (35-31) da equipa masculina na Divisão de Honra, antes do duelo foi entregue, pela primeira vez, o Prémio Paulo Abreu.
A estreante foi Margarida Pereira, a vencedora que vai da Maia para Guimarães, para os treinos. Em média, são mais de 3h por dia em transportes públicos (comboio, sobretudo) para ir treinar. Quatro vezes por semana.
Em conversa com o ZAP, Margarida admite que já lhe chamaram “maluca” e que lhe dizem que não fariam o que ela faz: “Mas eu gosto e faz parte do esforço”. Sente-se cansada, por vezes, mas “faz parte”.
Estudante, garante que consegue conciliar tudo. Até porque aproveita as viagens no comboio para estudar, por vezes. Noutros dias, ouve música – ou dorme.
Mas, afinal, o que a motiva mais para ir a Guimarães, ao Xico Andebol? “Gostar de jogar andebol, o andebol em si. Os treinos são bons, animadores. O ambiente… Eu gosto”.
A jovem jogadora sabe que vai continuar a manter esta rotina até ao final desta época e, “se possível”, também na próxima temporada.
Ao receber o prémio, duas palavras resumem as suas sensações: “Orgulho e honra”.
Quem foi Paulo Abreu
Mauro Fernandes, presidente do Xico Andebol, tem noção de que a Margarida não é a melhor jogadora no clube mas tem uma “dedicação” invulgar.
Só nesta época já realizou 14 000 minutos de treino, com uma assiduidade superior a 97%: “É alguém que se dedica muito ao clube, gosta do clube”.
E a escolha de uma mulher como primeira vencedora do Prémio Paulo Abreu foi propositado: “Também há espaço para a equipa feminina no clube. Temos os escalões todos agora”.
Paulo Abreu morreu há um ano. Foi o único capitão dos séniores do Xico Andebol não formado no clube desde o início (começou nos iniciados) – e veio em 2015 do principal rival, o Fermentões. “Não é normal, não é possível. A não ser que seja uma pessoa excepcional, como era o Paulo“.
O presidente do clube de Guimarães recorda ao ZAP que Paulo Abreu “falava muito pouco, mas nem precisava de falar muito. Era respeitado e recebia como ninguém quem vinha da formação. Tinha liderança”.
Era também um “elo de ligação entre a direcção e o plantel, fazendo esse papel de forma transparente”.
E recebeu vários prémios fair-play. Presidente desde 2021, Mauro Fernandes recorda um jogo com o Vitória de Guimarães, de grande rivalidade e dificuldade: “Mesmo no final, um jogador do Vitória é suspenso por 2 minutos – mas o Paulo ‘obriga’ o árbitro a anular essa suspensão, porque o adversário não tinha agredido, o árbitro viu mal”.
“E nós perdemos o jogo por causa disso. Se o Paulo tivesse ficado calado, teríamos ganhado“.
Já depois de Paulo Abreu ter morrido, e numa cerimónia: “O árbitro veio entregar-me um cartão branco que ficou por entregar ao Paulo naquele dia”.
E haveria “imensos momentos desses” para contar em relação a Paulo Abreu, momentos nos quais “o fair-play se sobrepôs a tudo. Para o Paulo, isso era intocável: o fair-play, a verdade“.
Assim, o Prémio Paulo Abreu “tenta captar alguns dos valores do Paulo; dificilmente teremos outra pessoa com tantos valores acumulados”.